No mesmo espírito da recente "Cow Parade", São Paulo recebeu agora o chamado "Árvore Show", criado pela Base7 Projetos Culturais, que consiste em "árvores" estilizadas feitas de fibra-de-vidro, basicamente esferas de dois metros de diâmetro em cima de um "tronco" de um metro e meio, e decoradas de maneiras diversas, por artistas plásticos, designers, publicitários e poraí vai.
Até aí, mutcho bene. Mas o que atraiu em particular a minha atenção à coisa, especificamente a uma das árvores instalada na frente do edifício da Petrobrás na Avenida Paulista, foi a "ação" que uma delas vem recebendo. Esta árvore em particular é coberta de carrinhos de brinquedo de diversos tipos, colados por volta da esfera.
Passando por aquela área outro dia, observei quando nada menos do que um chinelo atingiu a superfície da árvore, e lá foi um dos carrinhos para o chão. Olhei em volta, e lá estavam dois garotinhos de rua, animadamente mandando uma chinelada atrás da outra, conseguindo derrubar vários carrinhos. Alguns dias depois, os garotos conseguiram um sistema ainda mais eficiente a sua disposição: a montagem das arquibancadas para a corrida da São Silvestre colocou vários andaimes bem ao redor das duas das árvores ali instaladas, e empuleirados neles, os garotos conseguiram atingir o hemisfério norte da "copa" daquela árvore, conseguindo então obter os carrinhos que estavam mais fora do alcance das chineladas.
Antes que se possa dizer que eu esteja "indignado" pelo vandalismo, muito pelo contrário -- achei fantástico os garotos criando ali um novo esporte de caça, para conseguirem os brinquedos ali disponíveis...! O que o autor daquela peça queria transmitir com aqueles carros na árvore? Não sei bem ao certo, mas se ele antecipou esta ação por parte de garotos de rua, e/ou até contava com ela, bom para ele, pois deu aos garotos de rua uma maneira de colher aqueles frutos que acabou lhes servindo como uma real árvore de natal – praticamente de maneira literal. Se não antecipou, então marcou touca – seria de se imaginar que, ao colocar brinquedos daquela maneira em plena rua, garotos poderiam tentar obter alguns para brincar, e não é do tipo de “vandalismo” ao qual eu estou preocupado em censurar, de modo algum.