30 dezembro, 2005

Árvore de Natal Conscritada

No mesmo espírito da recente "Cow Parade", São Paulo recebeu agora o chamado "Árvore Show", criado pela Base7 Projetos Culturais, que consiste em "árvores" estilizadas feitas de fibra-de-vidro, basicamente esferas de dois metros de diâmetro em cima de um "tronco" de um metro e meio, e decoradas de maneiras diversas, por artistas plásticos, designers, publicitários e poraí vai.

Até aí, mutcho bene. Mas o que atraiu em particular a minha atenção à coisa, especificamente a uma das árvores instalada na frente do edifício da Petrobrás na Avenida Paulista, foi a "ação" que uma delas vem recebendo. Esta árvore em particular é coberta de carrinhos de brinquedo de diversos tipos, colados por volta da esfera.

Passando por aquela área outro dia, observei quando nada menos do que um chinelo atingiu a superfície da árvore, e lá foi um dos carrinhos para o chão. Olhei em volta, e lá estavam dois garotinhos de rua, animadamente mandando uma chinelada atrás da outra, conseguindo derrubar vários carrinhos. Alguns dias depois, os garotos conseguiram um sistema ainda mais eficiente a sua disposição: a montagem das arquibancadas para a corrida da São Silvestre colocou vários andaimes bem ao redor das duas das árvores ali instaladas, e empuleirados neles, os garotos conseguiram atingir o hemisfério norte da "copa" daquela árvore, conseguindo então obter os carrinhos que estavam mais fora do alcance das chineladas.

Antes que se possa dizer que eu esteja "indignado" pelo vandalismo, muito pelo contrário -- achei fantástico os garotos criando ali um novo esporte de caça, para conseguirem os brinquedos ali disponíveis...! O que o autor daquela peça queria transmitir com aqueles carros na árvore? Não sei bem ao certo, mas se ele antecipou esta ação por parte de garotos de rua, e/ou até contava com ela, bom para ele, pois deu aos garotos de rua uma maneira de colher aqueles frutos que acabou lhes servindo como uma real árvore de natal – praticamente de maneira literal. Se não antecipou, então marcou touca – seria de se imaginar que, ao colocar brinquedos daquela maneira em plena rua, garotos poderiam tentar obter alguns para brincar, e não é do tipo de “vandalismo” ao qual eu estou preocupado em censurar, de modo algum.

27 dezembro, 2005

Bobagem Retroativa

Acompanhando as lembranças e homenagens às vítimas do tsunami do final de 2004, também está acontecendo de besteiras ditas na época darem as caras novamente. Como quando repasso a lista de spam filtrado pelo Hotmail, lá aparece o e-mail de spam com as declarações de um mega-fundie, o Reverendo Phelphs, quando afirmou que os cerca de 2 mil suecos mortos na Tailândia receberam um castigo de Deus por suas práticas anti-cristãs, blá, blá, blá.

Mas peraí, deixa eu ver... quer dizer que este deus dele aí, incapaz de localizar a Suécia em um mapa, teve então que se contentar em aniquilar um grupo de 2 mil suecos que encontrou na costa da Tailândia, com um ato que levou junto coisa de outras 150 mil pessoas não-suecas, e muitas delas cristãs?

É, realmente parece bem coisa do deus retratado no Velho Testamento, mesmo.

24 dezembro, 2005

Para acabar com tudo de uma vez

Ultimate Showdown!

Esta absolutamente hilária animação (ótima musiquinha, com legendas em Inglês) é para colocarmos de vez os pingos nos i de todos os debates tipo ".vs" que podem haver, com todo mundo indo contra todo mundo em batalha campal.

23 dezembro, 2005

Procurando o Barão Vermelho

Do jeito que as coisas andam -- e vão andar ainda por um certo tempo, pelo jeito -- até se este beagle aqui invadisse o espaço aéreo do Brasil eu teria sérias dúvidas sobre a capacidade de interceptação dele pela FAB.

Homens racionais fazendo alguma coisa, ainda bem

Como reportado alguns dias atrás, um juiz federal na Pennsilvânia, John Jones, colocou o "Desing Inteligente" no seu devido lugar: na prateleira de mitologias baratas, ao invés de teoria científica ao qual os fundies insistem e insistem em etiquetar a besteira da vez que estão branindo.

Link Linky para MSNBC

É claro, os fundies já partiram para a ofensiva com a velha conversa fiada de sempre de "juízes ativistas". E é claro, estão falando em levar este caso para a Suprema Corte, como se ela não fosse torpedear impiedosamente qualquer tentativa de querer estabelecer conceitos religiosos nos dizeres do estado, como na classificação de como a ciência deve ser ensinada em sala de aula.

18 dezembro, 2005

Rivalidades Neutralizadas

Quando um time de futebol de dado país se encontra disputando um torneio internacional, não é incomum para pessoas deste país torcerem contra, devido a rivalidades internas e coisa e tal. Como no jogo de hoje, o São Paulo certamente não deve ter tido o apoio de todos os torcedores brasileiros... da mesma forma que provavelmente torcedores do Chelsa e Manchester United não deviam estar lá muito simpáticos ao Liverpool, também -- este tipo de coisa acontece em qualquer lugar que existam as rivalidades locais.

Mas lembrando sobre a campanha do São Paulo pela Taça Libertadores da América, caminha da conquista de hoje, me ocorreu que houve um jogo no qual esta "tendência" se anulou, e em que talvez pela primeira vez na história do futebol brasileiro, o país inteiro realmente tenha ficado do lado de um time brasileiro, se não completamente, da maneira mais próxima possível de uma unanimidade. No caso, quando o São Paulo ganhou do River Plate, após o Brasil ter vencido a Argentina na final da Copa das Confederações. A rivalidade entre os países e a oportunidade de ver a Argentina "PW3NED" 2 vezes em 3 dentro de 48 horas deve ter anulado boa parte da natural rivalidade interna, certamente...!

Farol do Racionalismo

Minha recomendação de link para esta tarde fica sendo o Creation Theory, um website de autoria de Mike Wong, excelente referência no que diz respeito a termos bom material para a incessante luta contra a ignorância e sentimento anticiência e racionalismo que ainda afeta a sociedade. Particularmente, uma das recentes adições ao site, escrita por Yefim Galkine, comenta sobre o perigo que a crescente Direita Religiosa representa ao ideal e aos valores civis Americanos.

12 dezembro, 2005

A11 Minas Gerais no trailer de "Annapolis"

Entre diversos trailers que baixei recentemente, está o do filme Annapolis, produzido pela Touchstone Pictures, braço da Disney. Com história nas linhas de "garoto rebelde aprende honra e valor", e ambientado na Academia Naval de Annapolis, da Marinha dos EUA, o trailer é intercalado por flashes de típicas cenas diversas de navios e aeronaves dos EUA, como é de se esperar, para dar aquele "tchunz" básico. Só que aparentemente, os flashes foram feitos com imagens de arquivos que receberam um tapa, a considerar cenas como a de porta-aviões da classe Nimitiz com F-4 Phantom II a bordo, e submarinos da 2GM, entre outras. Já o curioso não é isto, mas sim que em três destas cenas-de-arquivo-genéricas em particular, o porta-aviões mostrado é nenhum outro senão o antigo Minas Gerais, que antecedeu o São Paulo na Marinha do Brasil.



Nestes frames capturados do trailer, pode-se notar claramente o registro "A11" perto da proa, e os S-2 Tracker, SH-3 Sea King e UH-12 Esquilo da Marinha do Brasil a bordo, além da silhueta geral do navio. Não é incomum a prática do uso de cenas-de-arquivo para trailers, mas seja como for, é uma curiosidade interessante, para se dizer o mínimo.

Apesar de tudo, algumas boas notícias

Em recente pesquisa da BBC, surgiram indícios de que o otimismo da população iraquiana em relação a suas novas instituições governamentais e a situação geral do país é maior do que se poderia inicialmente imaginar, o que sempre é um bom indício -- mas a questão da segurança ainda é uma preocupação presente da população. E em notícias relacionadas, há relatos de que milícias insurgentes estão planejando oferecer suporte para a vindoura eleição parlamentar agora de Janeiro, incluindo proteção contra ataques de outros grupos, um indício de mudança em relação aos problemas enfrentados na eleição passada, alguns meses atrás. Nunca se sabe que tipo de governo pode acabar saindo deste atual balaio de gatos, mas eleições legítimas são sempre um passo em direção do caminho mais adequado, pelo menos.

Carga Aérea

Como se já não bastasse o insultante fiasco de alguns meses atrás, quando veio a tona a informação de que o SecDef Donald Rumsfield passou a usar uma máquina automática para assinar as cartas de comunicado de falecimento de soldados americanos... eles parecem realmente interessados em levantar a barra no nível de insulto as tropas americanas.

Agora, há relatos de que os caixões com os militares mortos no Iraque, uma vez despachados para os EUA em vôos militares da USAF, são enviados ao destino final não em outros vôos militares, mas como carga aérea comum, em vôos comerciais regulares. Sim, misturados a pacotes da FedEx e bagagem de turista. Sim, desce na esteira de bagagem vindo em um carrinho elétrico da companhia aérea. É evidente que não se precisa empatar um C-17 Globemaster inteiro para digamos, levar apenas um ou dois caixões para o interior do Meio-Oeste, mas sem dúvida que se pode utilizar alguns aviões menores da Guarda Aérea Nacional para a tarefa.

Realmente, esta atual administração Dubya quer de fato colocar sua marca na história como a que mais desrespeita os homens e mulheres servindo de uniforme pelos Estados Unidos, e ainda por cima com a petulância de querer posar como a que mais se importasse com eles. Pfzz.

07 dezembro, 2005

Mais uma vez, um trabalho para...

Como reporta esta nota da Folha Online...

Ao participar da cerimônia de cumprimento e apresentação dos oficiais-generais recém-promovidos, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que há necessidade de novos investimentos para reaparelhar e modernizar as Forças Armadas.

Mas não me diga, Sherlock. Em outras notícias, cientistas descobriram que a água é molhada.

Talvez com esta descoberta nova, Sr. Presidente, esta atual Administração do Planalto possa pensar em realmente estabelecer bem uma política séria de defesa para este país, e também não permitir absurdos como por exemplo, a Marinha tendo mais e mais navios e aeronaves parando por falta de suporte e recursos. Ou melhor ainda, que tal criarmos finalmente a Guarda Costeira do Brasil -- é completamente ridículo um país com esta malha fluvial e extensão costeira não ter uma guarda costeira dedicada para a tarefa, mas sim ter que usar a sua marinha de águas azuis para cobrir isto.

E para não falar nada, é claro, da suprema presepada que fizeram em relação ao resultado dado para o Programa FX: compramos Mirage 2000C/B usados. Puxa, finalmente chegamos em... 1985. Hooray...!

06 dezembro, 2005

14 minutos e 57... 58... 59...

15 minutos. Time's up, Cindy.


Uma boa intenção na origem, mas é nisto que dá querer superexplorar uma causa e acabar prestando um verdadeiro deserviço à coisa. Aí temos a autodeclarada ativista anti-guerra e defensora dos frascos e comprimidos em seu "movimentado" evento de autógrafos do livro que publicou, com mais detalhes nesta página do Snopes.com.

Aproveitando um pouco a tangente, é irreal querer acreditar que as forças americanas devem se retirar "ASAP" do Iraque. Não há como, é literalmente uma situação de You Broke It, You Buy It. A coisa era desnecessaria em primeiro lugar, mas agora que a bagunça foi armada, precisa-se de anos para se assegurar um mínimo de necessária estabilidade antes da retirada, tenha sido necessário ou não, quer isto desperdice valiosos recursos militares dos EUA ou não -- que poderiam estar sendo bem melhor utilizados em outras missões.

02 dezembro, 2005

Governo Francês quer banir software livre?

Mas era só o que faltava. Como este link reporta, aparentemente o governo francês quer proibir a produção de software livre como os regulados por licenças GNU, provavelmente um dos mais benéficos movimentos de avanço no campo de TI nas últimas décadas. Citando o link...

Friday November 18th, 2005, French Department of Culture. SNEP and SCPP have told Free Software authors: "You will be required to change your licenses." SACEM add: "You shall stop publishing free software," and warn they are ready "to sue free software authors who will keep on publishing source code" should the "VU/SACEM/BSA/FA Contents Department"[1] bill proposal pass in the Parliament.

Oh, mas vejamo só. A França quer proibir software livre e gratuito. Resto do mundo aponta o dedo e ri da cara dela, enquanto continua a produzir mais software livre de qualidade.

Santa Paula por Vinick

Esta atual temporada de The West Wing tem sido interessante, no mínimo. Além do recente episódio ao vivo com o debate entre os dois candidatos, houve também o movimento realizado por uma cidade do sul da Califórnia, Santa Paula, para ser a "cidade natal" de Arnold Vinick, o candidato Republicano a Presidente dos EUA, interpretado por Alan Alda.

Após ver em um dos episódios uma menção de Vinick ter crescido em uma comunidade de produtores cítricos da Califórnia, a Prefeita de Santa Paula, Mary Ann Krause, iniciou um lobby informal com a NBC para que Santa Paula, que é uma renomada cidade produtora de frutas cítricas na Califórnia, fosse considerada como a cidade em que Vinick teria crescido (ele já fora estabelecido como tendo nascido no estado de Nova Iorque). Após algum tempo, o "website oficial" da campanha de Vinick, hospedado no site da NBC, tinha a biografia de Vinick com inúmeras referências a Santa Paula, um indício que a equipe criativa da série respondeu de maneira positiva ao entusiasmo dos habitantes de Santa Paula a Vinick ser de lá. A cidade inclusive conta com seu próprio website de “suporte a campanha”, e até montou um comitê Vinick-Sullivan real, com material de campanha e o escambau.

Pode parecer algo frívolo, mas é sempre boa publicidade e divulgação da cidade, e com isto trazer benefícios indiretos, como turismo, e eventualmente, até mesmo um episódio da série tendo algumas cenas filmadas na cidadezinha, que é algumas dezenas de quilômetros ao noroeste de Los Angeles.

Dez Principais Indícios de que Você é um Fundamentalista Cristão

Aqui e ali tem um certo exagero, mas o resultado líquido desta tradução de uma listinha pela Internet sobre como identificar um fundie é realmente um retrato do típico bom e velho fundie.

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10. Você vigorosamente nega a existência de milhares de deuses que outras religiões adoram, mas sente-se indignado quando alguém nega a existência do seu.

09. Você sente-se insultado e "de-humanizado" quando cientistas dizem que as pessoas evoluíram de outras formas de vida, mas você não tem problema algum com a alegação bíblica de que nós teríamos sidos criados de barro.

08. Você ri de politeístas, mas você não tem problema algum em acreditar em um deus baseado em Santíssima Trinidade.

07. Você fica roxo de raiva ao ouvir falar sobre as "atrocidades" atribuídas a Alá, mas você sequer pisca ao ouvir sobre como Deus/Jeovah massacrou todos os bebês do Egito no "Exodus", e ordenou a eliminação de grupos étnicos inteiros em "Joshua", incluindo mulheres, crianças, e até árvores!

06. Você ri de crenças hindus que considera humanos como divindades, e de alegações da mitologia grega de deuses que dormem com mulheres, mas você não tem problema algum em acreditar que o Espírito Santo engravidou Maria, que então deu a luz a um menino-deus que foi morto, voltou à vida e então ascendeu aos céus.

05. Você está disposto a passar a sua vida inteira procurando pequenas brechas e detalhes nos estudos científicos a respeito da idade estabelecida da Terra (alguns bilhões de anos), mas você não considera nem um pouco errado acreditar em datas gravadas por aldeiões da Idade do Bronze que sentandos em suas tendas, ficavam de adivinhar que a Terra é apenas algumas gerações mais velha.

04. Você acredita que a população inteira deste planeta, com a exceção daqueles que compartilham de suas crenças -- ainda que isto exclua todas as facções rivais -- irão passar a Eternidade em um Inferno de sofrimento sem fim. E ainda assim, você considera que a sua religião é a mais "tolerante" e "caridosa".

03. Ainda que a moderna ciência, história, geologia, biologia e física tenham fracassado em o convencer, qualquer idiota rolando no chão e falando enrolado é basicamente tudo o que você precisa de evidência para "provar" o Cristianismo.

02. Você considera que 0,01% como uma "Alta taxa de sucesso" no que diz respeito a considerar que rezar funciona para obter resultados práticos, e considera isto como sendo a evidência de que rezar funciona. E você considera que o restante 99,99% de falha foi simplesmente o desejo de Deus.

01. Você na realidade conhece bem menos sobre a Bíblia, Cristianismo e história da Igreja do que muitos ateístas e agnósticos -- mas ainda assim se considera um verdadeiro Cristão.

Pior do que unha na lousa, acredite

O elevado nível de... "creepness" desta seqüência animada de fotos em .GIF (~ 320KB) não é garantido apenas por serem fotos da Paris Hilton, mas também por ser a demonstração daquilo que parece ser a prova de que ela não é realmente uma pessoa per se -- mas uma espécie de action-figure, Barbie Rampeira-Chic, a qual pode ser colocada na mesma exata pose para tudo quanto é oportunidade de foto.

30 novembro, 2005

Para Deixar Claro de uma Vez

Bwhaha, bom link, este. Aqui está, a FAQ Oficial de Deus, com tudo o mais relacionado, de maneira completa e abrangente.

29 novembro, 2005

Pouso Forçado

O mais recente livro que acabei de ler é Pouso Forçado: A História Por Trás da Destruição da Panair do Brasil pelo Regime Militar, escrito por um bom amigo meu, Daniel Sasaki. Na verdade, é um livro que até mesmo coloquei na frente dos demais que já tinha para ler, pois estava ansioso para saber mais a respeito do tema, o qual nunca foi de se conseguir informação em abundância. A Panair e a história a respeito de seu fim são coisas que você ouve falar aqui e ali, mas nunca realmente se têm detalhes, mas apenas vagas e genéricas citações saudosas, nada muito específico.

Bem, não mais. Após extensa pesquisa dos fatos ocorridos, e das evidências para os suportar, Daniel nos oferece em Pouso Forçado um retrato o mais completo possível da cadeia de eventos que levaram ao fim desta companhia aérea brasileira, que era então a mais prestigiosa e bem-sucedida operadora brasileira. Mas, como os seus controladores não eram vistos com bons olhos pelo regime, armou-se vendetas, conspirações e maquinações para literalmente destruir a Panair e dividir seu espólio entre os chegados e os mimosos ao regime.

Eu imaginava que havia sido uma atitude arbitrária e imoral por parte do regime militar e seus Pretorianos, mas jamais tive idéia da magnitude e da canalhice da coisa toda. Como, com uma mera canetada, o regime militar cassou todas as concessões de linhas da Panair, alegando "irreversíveis problemas financeiros" na companhia, quando na realidade a Panair era a empresa aérea brasileira cujas dificuldades financeiras eram as menores. Como estas linhas foram sumariamente transferidas em sua totalidade para a Varig, sem qualquer licitação ou consideração sobre partilha com outras empresas, e como, na mesma mera noite do dia da cassação das linhas da Panair, a Varig já estava completamente preparada e pronta para assumir as linhas da Panair para a Europa, com 707 abastecidos no Galeão, com tripulações preparadas para operarem em aeroportos europeus – algo impossível de se realizar sem extensa preparação prévia.

Isto e mais pode ser constatado ao se ler a obra, bem escrita e bem embasada, um trabalho que realmente fazia falta. E relevante aos tempos atuais, também, considerando que depois da Transbrasil e Vasp, agora se tem exatamente Varig aí, de barriga para cima e boca aberta, uma morta-que-esqueceu-de-deitar. Bom para ela que os governos atuais não escolham fazer eutanásia neste paciente em coma, como o regime militar escolheu sem pestanejar fazer eutanásia em um paciente que tinha, quando muito, um mero resfriado.

Link para a obra no website do Submarino
pode ser encontrado aqui, e uma entrevista de Daniel para o Jetsite pode ser lida neste link aqui, onde ele comenta mais a respeito do livro e deste capítulo recente da história brasileira; recomendo muito a leitura, tanto quanto do próprio livro.

26 novembro, 2005

Sagas indo e vindo

Hoje em dia, o consenso em torno de O Império Contra Ataca é que, enquanto filme per se, este é o melhor dos seis filmes da saga criada por George Lucas. Contudo, mais de uma vez eu já esbarrei com a afirmação de que isto nem sempre foi tão consenso assim, como pode demonstrar as críticas da época do lançamento, um exemplo sendo a da The New Yorker na sua edição de 26 de maio, 1980. Embora reconheça o talento de Irvin Kershner na direção e que o filme tem seus méritos próprios, Roger Angell afirmou que não se trata de um filme tão agradável e estimulante quanto o anterior. Mas seja como for, tanto ele quanto seu filho pequeno saíram plenamente satisfeitos do cinema.

Agora, o que fisgou o meu olhar mais de perto na crítica foi a seguinte passagem...

Garotos que tanto costumam ler quanto ir ao cinema vão notar que [o filme] não tem a densidade de O Senhor dos Anéis, ou ainda o senso de mistério de As Crônicas de Narnia de C.S. Lewis, e eu não acredito que eles realmente queiram muito disto aqui.

Com O Senhor dos Anéis já sobre nossas estantes por meros meses, e As Crônicas de Nárnia prestes a ficarem sobre nossas cabeças dentro de meras semanas, achei curioso esbarrar com a antiga citação dupla, agora que foi finalizada a saga da qual O Império Contra Ataca faz parte. Posso atestar pelo menos a respeito da versão de cinema de O Senhor dos Anéis, mas ainda há de se esperar sobre As Crônicas de Narnia, é claro. Mas a minha percepção atual sobre esta produção da Disney seja basicamente a de que é o resultado de dois fatores. É a soma da dor-de-cotovelo de terem tido tanto O Senhor dos Anéis e Harry Potter nas mãos e terem deixado escapar pelos dedos, com a frustração de que Jerry Bruckheimer não tenha conseguido tirar outro Piratas do Caribe da cartola ao ter produzido o recente Rei Arthur. Terão sucesso em conseguir tirar um resultado positivo desta soma? Resta aguardar.

Pois pelo que parece, a Disney voltou à prancheta de projetos e tentou novamente, após ter anotado bem as lições deixadas pela adaptação da obra de Tolkien feita por Peter Jackson... o próprio trailer parece se preocupar horrores em deixar claro um senso de "Olhem, olhem, nós também temos um megaduperhiper épico de fantasia". Fora o fato de que além de estar jogando para a torcida que lotou os cinemas com O Senhor do Anéis, a Disney também parece que contou um pouco com a torcida que lotou os cinemas com A Marcha do Imperador, como notícias recentes indicam. Com este tipo de coisa eu posso passar sem, devo admitir...!

25 novembro, 2005

Criar dificuldade para vender facilidade

O humor cínico do presente link será bem apreciado por programadores ou qualquer um que consiga ler código. Como Roedy Green diz na introdução, o documento contém dicas de como escrever código de programação tão intrincado e de manutenção difícil que isto poderá assegurar ao seu autor a garantia que sempre será requisitado a fazer a manutenção, assim obtendo anos de ganha-pão seguro. Mas a beleza da coisa está em que o código não aparenta ser absurdamente complicado... ainda que o seja. É como na política: cria-se a dificuldade para se vender a facilidade.

Para a sanidade de todos, se espera que a leitura disto venha a servir como conselhos sobre o que evitar tais complicações. Todo conhecimento sempre deve ser usado com responsabilidade...!

21 novembro, 2005

Aviso à Praça

Para aqueles interessados em literatura baseada em Jornada nas Estrelas, é interessante mencionar que este missivista está de artigo novo publicado como destaque no Trek Brasilis. Trata-se de uma revisão completa do livro Star Trek: Articles of the Federation, cuja trama principal se foca em sobre como é organizado o governo civil federado, e como é realizada todo o jogo político no universo fictício de Jornada nas Estrelas.

Nada de errado, numas, huh.

Em entrevista recente, o Presidente da RIAA, Cary Sherman, afirmou que o que a Sony fez em seu recente fiasco do rootkit/DRM "não foi nada de errado", e que se tratou apenas de um "problema de vulnerabilidade sobre o qual eles não estavam sabendo". Gostaria de saber também se Sherman considera que a Sony também não estaria errada quanto ao fato de que, em uma absurda ironia, que parte do código de programação original do desenvolvimento do rootkit da Sony foi baseado em código de open-source sem a necessária menção de crédito aos desenvolvedores originais, o que é uma violação de direitos.

Mas realmente não é de se espantar demais. Embora Sherman está claramente dando uma de fuinha querendo sair pela tangente, a quantidade de pessoas que pode realmente ter uma idéia real da gravidade daquilo que a Sony fez não deve ser consideravelmente grande, eu especulo. E é em cima disto que o Presidente da RIAA quer jogar verde para colher maduro.

20 novembro, 2005

Saída pela direita

Durante a visita a Beijing, como se não bastasse o evento em si do Dubya tentar sair pela tangente de uma pequena coletiva para ser impedido por uma porta trancada, o fotógrafo da Reuters conseguiu provavelmente tirar uma foto a qual nem mesmo horas de photoshopagem conseguiriam deixar mais engraçada. Desta vez, até mesmo o The Onion foi superado pela realidade nua, crua e engraçada.

17 novembro, 2005

Biblioteca de Referência

Se não tomarmos cuidado, é capaz de os fundies realmente quererem colocar em campo nas escolas um livro nas linhas como o desta hilária paródia. Daí a constante necessidade de homens racionais sempre estarem alertas para evitar a estupidez se alastrar e prosperar.

14 novembro, 2005

Para cima e para baixo pela Avenida

Algo sempre curioso de se observar são as práticas femininas de vestuário, sem dúvida... não apenas para se apreciar o conjunto da coisa ornando com a usuária anatomicamente adequada e agradável, mas também para se observar alguma coisinha aqui e ali de comportamento de uso das peças.

O assim-chamado "salto-plataforma" não é novidade alguma, claro -- estão poraí a coisa de décadas. Embora não tão elegantes como sapatos de salto-alto convencional, dão um ganho de altura razoável para a mulher sem a necessidade de se retorcer o pé em uma posição claramente nada natural. Mas o que tem me chamado a atenção em tempos recentes para este tipo de salto de sapato feminino é que a altura das plataformas parece atingir novos recordes, pelo jeito... salto-plataformas tão altos que daqui a pouco vão começar a exigir giroscópios embutidos para a mulher conseguir manter estabilidade em cima da coisa. Ainda assim, devo admitir que há bons usos paralelos, sem dúvida. Recentemente, em final de tarde chuvoso, me aproximo de uma esquina onde uma poça de água razoável havia se acumulado. Logo depois, se posiciona ao meu lado uma garota, mas ela não se faz de rogada: em uma poça de água na qual eu não entraria sequer com o robusto par de botas de couro que estava usando, a cidadã a atravessou com seu salto-plataforma como se a coisa sequer estivesse lá.

Ainda sobre sapatos de salto, é muito relatado por várias usuárias deste tipo de sapato como eles podem ser desconfortáveis para caminhadas longas, como comutação entre casa-trabalho e trabalho-casa, especialmente se a usuária dele utilizar transporte público no trajeto. Mas por estes dias, vejo em uma plataforma do Metro de São Paulo aquilo que eu acredito que deveria ser uma visão mais comum. Uma garota, coisa de uns vinte-e-alguma-coisa anos de idade, bonita e muito bem apresentável profissionalmente: maquiagem leve, tailleur social bem cortado, meia-calça, e um par de tênis Nike Shock, com meia de cano-baixo por cima da nylon.

É prática comum nos EUA (especialmente nos grandes centros), por exemplo, isto que esta garota aparentemente fazia, ir de casa para o trabalho e vice-versa utilizando um tênis, ao invés de sapato de salto alto, o qual ela deve manter na sua mesa de trabalho. Chegando lá, troca os tênis pelo salto pelo resto do dia, e novamente muda de calçado para voltar para casa. Considerando a lógica detrás disto, é admirável que brasileiras não façam o mesmo mais regularmente. A maioria dos argumentos contra esta prática que já ouvi por aqui seguem nas linhas do "Fica Ridículo", mas o cerne da questão aqui não é de estilo, mas sim de praticidade e conforto, ao mesmo tempo em que mantém o estilo necessário para a ocasião... afinal de contas, não é uma renúncia completa ao salto-alto, mas sim apenas a adequação dele ao tempo e local necessário para tal.


Mas enfim, não é incomum no campo da moda a necessidade de estilo se sobrepor a de praticidade ou lógica, claro. O que tem muito a ver com a minha observação final do dia, a qual sei bem que na verdade é mais de "não perder a piada" do que qualquer outra coisa: mulheres talvez não devessem se encanar tanto com lingerie, e todas as considerações que costumam fazer a respeito. Afinal de contas, quem não pode ver isto, bem, não pode ver. E quem pode ver, certamente não irá querer ficar vendo por tempo demais.

11 novembro, 2005

Close, but no cigar

É, pelo jeito, os Pretorianos da atual administração Lula cantaram vitória antes da hora. Fizeram e aconteceram, apareceram na 11o. hora com o fato de que tinham tirado da lista de renovação da CPI dos Correios um número suficiente de assinaturas, queimaram uma quantidade significativa de capital político na manobra... mas morreram na praia. Realmente, não tem como duvidar do fato de que a atual administração do Planalto é composta basicamente pelos Keystone Kops -- na foto, vemos a equipe política do Palácio do Planalto fazendo sua articulação para a manobra de ontem.

10 novembro, 2005

Primeiro vírus a usar o rootkit da Sony

Cedo ou tarde, era batata -- alguém iria aproveitar da cretinice da Sony, e assim, já surgiu o primeiro vírus que se aproveita exatamente da instalação oculta de rootkits em PCs feitas pelos CD de áudio da Sony: o Backdoor.Win32.Breplibot.b, como indica este link citando avaliação da Trend Micro. Conforme a postagem do link cita...

When launching, the backdoor copies itself to the Windows system directory as $SYS$DRV.EXE. Using this name makes it possible for the rootkit technology used by Sony to hide the activity of the malicious program. Of course, the backdoor's activity will only be hidden if the 'Sony rootkit' has been installed on your computer.

O resultado é a máquina de um usuário ser infectada devido a Sony ter inserido na máquina uma vulnerabilidade séria sem o consentimento e conhecimento do usuário. O departamento jurídico da Sony já deve estar barricando o edifício com sacos de areia, certamente.

09 novembro, 2005

O que há na TV...?

Quando mais exemplos encontro de como é a TV no Japão, mais indeciso eu fico se acho a coisa hilária, imbecil ou meramente inofensiva...!

Link linky (vídeo streaming do Google)

No caso de tornar-se algo mais visível na Internet brasileira, segundos até que programas classe João Kleber, Pânico, Faustão ou Gugu dupliquem descaradamente... 7... 6... 5... 4...

08 novembro, 2005

Só mais uma perguntinha...

Para aqueles que não aguentam realmente ligações de telemarketing, há sempre a possibilidade de tirar uma oportunidade de se divertir disto. Assim, recomendo ter a mão a impressão deste PDF para quando receber uma destas ligações de telemarketing, e vá seguindo o roteiro com o operador. O resultado será, cedo ou tarde na ligação, hilário.

07 novembro, 2005

The Boondocks TAS

Como este missivista já comentou aqui antes neste espaço, é fã de longa data da tirinha The Boondocks, escrita por Aaron McGruder. Acho que uma boa maneira de descrever The Boondocks em poucas palavras seria a definir como "Peanuts com Panteras Negras" ou algo nestas linhas.

A história é basicamente sobre a vida de uma família de negros americanos que se mudou da inner-city de Chigado para um tranquilo subúrbio de classe média alta, com o avô, o Sr. Freeman, e dois netos, Huey e Riley. Huey é o radicalzinho politicamente engajado, enquanto Riley é o metidinho a gangsta, ou seja, quer sempre pagar de mano. O avô é um cara mais sossegado, curtindo a tranquila aposentadoria no subúrbio, e tem uma atitude que os críticos a seu comportamento classificam como o "Pai Tomás" da história.

A boa notícia sobre a tirinha é que no segmento Adult Swim do Cartoon Network acabou de realizar a estréia da versão "The Animated Series" de The Boondocks. Pelo que as críticas iniciais tem mostrado, foi uma estréia sólida e satisfatória. Como é um ambiente de cabo, a equipe criativa liderada pelo criador Aaron McGruder parece que se permite mais liberdade de criação, com os personagens falando mais palavrões, diálogo mais ferino, coisa que uma tirinha em syndication não pode-se permitir a tanto. Mas a predileção da tirinha para retratar o controverso está também bem presente na série. Aguardemos sua estréia aqui no CN brasileiro.

06 novembro, 2005

Se tamanho for documento, vamos acertar isto aí

Segundo a transcrição da fala do Dubya no website da Casa Branca...

We're the two largest democracies in the world [sic]. Therefore, we have obligations to work together to promote peace and prosperity. We started what's called the Group for Growth, to find ways to develop economic possibilities and potential in our respective countries. I must say, Mr. President, I'm impressed by the economic reforms you've put in place, by the achievements you had made through good government policy to encourage growth, not only here at home, but to encourage exports.

O [SIC] da transcrição do texto refere-se no final da página que o Dubya se referia ao mundo ocidental, mas ele claramente deu uma marcada de touca, aqui, já que se tivesse lembrado mesmo desta ressalva na hora, teria falado na hora -- mas não falou. A Índia é a maior democracia do mundo, sendo um país mais populoso do que os EUA e Brasil combinados. Mero nitpick, talvez, mas não é coisa que pode ficar falhando assim em declaração pública.

03 novembro, 2005

Sony se metendo a espertinha com rootkits

Pelo que parece, a Sony está começando a sentir o calor de querer se meter a sabida demais em criar sistemas de "proteção contra cópia de músicas" em seus CDs de áudio. Como já se conhece, alguns CD-DA de áudio somente são possíveis de serem reproduzidos em computadores se for utilizado para isto o player que vem no próprio CD, além de outras limitações. Até aí, mutcho bene: é justo que a indústria procure criar mecanismos de proteger sua propriedade intelectual.

Contudo, já estão surgindo relatos detalhados de que tais softwares instalam na máquina programas do tipo "rootkit", uma tecnologia de software que procura ocultar completamente determinados arquivos, objetos e chaves de registro, de modo a ocultar totalmente dado programa -- e no caso dos rootkits encontrados que estão sendo atribuídos a Sony, não existe nenhuma referência a eles nos Contratos de Licença ao Usuário Final, ou EULA que acompanham o CD. Ou seja, a Sony está se achando no direito de inserir software que bem entende nos PCs dos compradores sem os avisar disto, não oferecer desinstaladores e não fazer referência nenhuma no contrato de licença.

02 novembro, 2005

Unidades Históricas

Entre as unidades militares americanas a responderem as necessidades de auxílio das vítimas do terremoto na Ásia Central por estes dias, estava o 212th MASH, hospital cirúrgico móvel do Exército. Dentre as unidades de medicina do Exército dos EUA, esta unidade é a última do tipo MASH, que ficaram famosas pelo romance, filme e série de TV M*A*S*H. Na foto, a Capitão Kristen Hyer, do 212th MASH, oferece medicamento a uma vítima do terremoto em Kashmiri (AP).

Já por tempos M*A*S*H é uma das série de TV favoritas deste missivista, e eu imaginava que a última unidade do tipo havia sido desativada em uma cerimônia na Coréia do Sul em 1997, em favor de outros tipos de unidades de suporte médico que estão passando a equipar a organização; mas aparentemente o 212th ainda mantém a presença da tradicional unidade entre os quadros do Exército dos EUA.

Em outros desdobramentos, a 101º Divisão Aerotransportada recebeu o reativamento de seu 506th Regimental Combat Team, conhecido como "Currahees", e do qual fez parte a Companhia E, conhecida através da minisérie da HBO Band of Brothers e também com o livro de mesmo título escrito por Steven Ambrose, ambos ótimos trabalhos. A reativação faz parte do programa de expansão da 101º para quatro brigadas de combate, em uma maior ênfase por parte do Exército em unidades de rápido deslocamento. Esta unidade da divisão já havia sido reativada em outras ocasiões, mas esta será a primeira missão na atual campanha iraquiana.

31 outubro, 2005

Imbecil do Dia

Como comentado aqui neste espaço anteriormente, a imbecilidade prospera quando homens racionais nada fazem. Há de se denunciar a cretinice para que ela não se propage e não prospere.

Recentemente, acabou acontecendo de em uma transmissão da C-SPAN (equivalente americano da TV Senado), Kamau Kambon, um professor de estudos africanos da Universidade Estadual da Carolina do Norte, durante uma palestra soltou a seguinte pérola:

And the one idea is how we are going to exterminate white people? For that, in my estimation, is the only conclusion I have come to. We have to exterminate white people of the face of the planet to solve this problem.

(E a idéia é como é que nós iremos exterminar os brancos? Pois isto é, em minha avaliação, a única conclusão a que posso chegar. Nós temos que exterminar os brancos da face da Terra para resolver este problema.)

Não, você não leu errado. E aqui temos o vídeo (~4,5MB .WMF), nada menos, dele declarando tal sandice. Algo absolutamente asqueiroso, onde ele generaliza, simplifica e ignora pontos completamente fundamentais em sua "avaliação". Idiotice pura, claro.

Este cidadão é um professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nada menos. Supostamente, alguém que deveria ter um mínimo -- mínimo -- de bom senso para não ter uma visão idiota como esta. Mas aí está. Se o papel fosse o exato inverso da medalha, com um extremista branco advogando em TV aberta pelo extermínio dos negros (e há aqueles aí fora que também acreditam em tal cretinice), o cidadão provavelmente teria sido arrastado para fora do prédio a tapas, merecidamente. Racismo, e principalmente defesa de genocídio e limpeza étnica são imbecilidades de caráter criminoso, mas aí temos um afro-americano que se encaixa nestes critérios.


Bom para ele que a Primeira Emenda dos EUA é o que garante o direito dele de poder falar as bobagens que deseja, direito este garantido a todos, brancos e negros. Só resta saber se no Reich Negro que este cidadão parece desejar, este direito também seria assegurado; mas se o que conhecemos de "reichs de pureza étnica" indica alguma coisa, podemos especular que não, claro. Felizmente é bom saber que, pelo menos, imbecis como este estarão sempre relegado à irrelevância em que merece estar.

29 outubro, 2005

28 outubro, 2005

A se manter em mente

Duas boas frases lidas na Internet hoje:

Tudo o que basta para a imbecilidade prosperar são pessoas racionais não fazerem nada a respeito.

Se cretinices não são denunciadas por receio de se ofender determinadas pessoas, então nunca irão parar. Se precisa definir uma linha e dizer, "Chega disto".

27 outubro, 2005

Meteção da Cabeça na Areia

Agora que as baixas americanas no Iraque passaram da linha de duas mil, os desculpistas desta Administração do Dubya estão colocando a sua máquina de racionalização para andar. Como Victor Hanson, por exemplo, que em um artigo, afirma que se deve "colocar em contexto" as baixas, e disto, faz uma absurda e inaplicável relação entre o rolo iraquiano e a Segunda Guerra Mundial, nada menos. Só que além desta comparação per se ser sem propósito, vamos colocar no seguinte contexto para o cidadão: a "guerra" acabou, correto? "Missão Cumprida" declarada pelo Dubya vários meses atrás e coisa e tal. A grande maioria destas baixas são de escaramuças e operações na ocupação pós-guerra, supostamente. Mas traçar um contexto entre esta ocupação e a ocupação americana da Alemanha e do Japão no pós-2GM ele não parece interessado em fazer, huh?

Novamente: chega a ser imoral querer usar o "senso de necessidade" que a 2GM possui para querer justificar a absoluta meteção de pés pelas mãos que foi esta invasão do Iraque, o imenso desperdício de valiosos recursos militares americanos que foi esta invasão do Iraque, e o completo desvio de foco que colabora para diminuir a segurança e defesa dos Estados Unidos. Mas para esta atual administração e seus desculpistas, nada disto parece realmente importar.

Dia Ruim para o Cupinchismo

Harriet Miers renunciou a sua pré-nomeção para a Suprema Corte dos EUA. Não é realmente de se espantar, claro. Até mesmo diversos segmentos conservadores americanos ficaram indgnados com esta nomeação que o Dubya queria fazer, beirava a irresponsabilidade: a cidadão claramente não tinha cacife para querer a colocarem na Suprema Corte.

25 outubro, 2005

Free Chilly Willy

Recentemente, o documentário francês A Marcha do Imperador, sobre os hábitos de uma espécie de pingüins, se tornou um documentário muito popular nos EUA devido a um boca-a-boca promovido pelas comunidades fundies, especialmente do meio-oeste e sul, por estes recantos. Acreditam que pelo que é observado no comportamento dos pingüins no filme, a fita então serviria bem para advogar "valores cristãos" como monogamia, família e até mesmo serviria para endossar a bullshit do "intelligent design", ou "criacionismo em paletó barato".

Contudo, em um
artigo recente para o The Times, durante o Festival de Cinema em Londres, o diretor Luc Jacquet refutou claramente esta besteira de "leitura" do filme, afirmando que comportamento monogâmico não é realmente um comportamento típico de pingüins, e que na verdade o filme até serve bem como um argumento contra o "intelligent design", como diversos cientistas colegas de Jacquet lhe comentaram -- sendo que o próprio Luc Jacquet também é primariamente um cientista e pesquisador, e não um cineasta.

23 outubro, 2005

A Mãe de Todas as Ironias

Este missivista foi, e continua sendo, fundamentalmente contra o referendo per se, pelas razões já comentadas anteriormente aqui em artigo de O Malho. Isto posto, eu posso dizer que apesar disto, tiro muita satisfação do resultado final do Referento. Não pelo resultado em si, mas pelo que significa de demonstrar a burrice suprema dos anti-armas no Brasil, a sua total incompetência, e a revelação de sua hipocresia e cinismo enauseantes.

Três meses atrás, o Datafolha dava como sendo 80% dos eleitores a favor do Sim. Antes disto, também haviam ainda muitas outras pesquisas, como este link do Desarme.org
demonstra.

E neste próprio link deste website a favor do desarmamento, fica claro uma coisa: toda a idéia de se realizar o Referendo, partiu da ala favorável ao desarmamento. E o que foi o resultado final? Até com 76% de urnas apuradas, já matematicamente após o ponto de não-retorno, estamos com 64 a 35 em favor do Não.

Pois é... este foi o resultado final. Provavelmente uma das mais significativas viradas eleitorais da história deste país. E qual tem sido algumas das reações desta ala que fez tanta questão do Referendo? Agora, agora, AGORA, este mesmo pessoal vem com as seguintes conversas fiadas:

"Brasileiro não sabe votar!"

"Retrocesso!"

"Lobby de armas é forte!"

E poraí vai.

Oooooh, boohoo. Boo... fucking... hoo. Pois claro, claaaaaaaaro: eles acham que a ferramenta da Ditadura da Maioria só é legal de se usar se ela servir à sua agenda de intenções, não? Se ela dá o resultado que querem, então é "Democracia em Ação". Se ela não dá o resultado que querem, então é "Retrocesso", "Não sabem Votar" e poraí afora.

Não fizeram questão de usarem da ferramenta da Ditadura da Maioria? Então agora aceitem o resultado disto de que tanto fizeram questão em primeiro lugar. E aceitem com um sorriso.



Não, mas como é que um grupo de políticos e ativistas, como estes do Viva Rio e outros tantos anti-armas, como é que eles podem ter sido tão incompetentes e idiotas assim? Foi literalmente, um tiro no pé. Foi literalmente o tiro saindo pela culatra: ao fazerem tanta questão do Referendo, crentes que a vitória ela líquida e certa, conseguiram duas coisas: primeiro, conseguiram reverter a opinião pública de um 80% a favor do desarmamento para uma coisa de 35%.

E em segundo lugar, conseguiram fazer com que surgisse no Brasil movimentos minimamente organizados a favor das armas. Ainda que o "lobby pró-armas" no Brasil continue sendo uma piada, se comparado por exemplo, ao Instituto de Ação Legislativa da NRA, pelo menos ele cresceu e se solidificou como jamais esteve, e agora contanto com um endosso formal popular, nada menos. Endosso formal popular este lhe jogado no colo exatamente pelos anti-armas. Respeitada as devidas proporções, o resultado final deste referendo vai passar a ter para a "Bancada da Bala" no Brasil um papel equivalente ao que a Segunda Emenda da Constituição dos EUA tem para os grupos pro-arma americanos...!

22 outubro, 2005

Avaliação de um Caso

Alguns dias atrás, comentei a respeito de como aqui e ali sempre aparecem certos tipinhos, tanto na Internet, como fora dela. Não demorou muito, e aqui estamos em frente a um destes, e sobre o qual alguns comentários são pertinentes de serem feitos. Se existe um tema mais imbecil a ser debatido na Internet, é uma questão que o fandom de ficção-científica vez e outra levanta: em um confronto militar entre forças do universo de ficção de Jornada nas Estrelas, e forças do universo de ficção de Guerra nas Estrelas, quem ganharia?

Ridículo, não? Sem dúvida, mas não dá para imaginar o quanto de debate acalorado esta aparentemente inócua e irrelevante questão é capaz de gerar. Eu particularmente me interesso em acompanhar vez e outra tais questões por considerar que este tema serve de ótimo campo de treinamento para capacidades de debate: tem bastante material a ser analisado, é inofensivo o bastante para não ter o menor problema em ser "provado errado" nele, mas gera polêmica o bastante para criar discussões desafiantes, de modo a se poder exercitar as capacidades de debate. Seria meio como praticar esgrima: a razão da luta ali não é "vencer" ou "perder", mas na verdade se aproveitar a luta em si para se exercitar as capacidades.

Mas vamos acompanhar o comportamento de um típico trektardo que leva tão a sério a questão, sente-se tão incomodado de que não consegue argumentar adequadamente em favor de seu aparente "lado favorito", que gera uma tentativa patética de ataque pessoal. Começou uma vedetta na comunidade claramente esperando ganhar atenção. Bem, atenção é o que ele queria, então atenção foi o que ele conseguiu. Vamos a pontos específicos da postagem. Vou manter o texto exatamente como digitado na mensagem original, apenas o destacando em itálico:

Gostaria que entrasse uma pessoa que gostasse de star trek e tivesse tanto tempo para fazer nada alem de ficar da vida alem de assistir todos os episódios ridículos de SW frame a frame pra achar defeito e não tivesse rixa pessoal com os produtores da Paramount...AFE...

Começa abrindo com algumas boas falácias: generalizações e exagerados falsos dilemas, pois quer estabelecer que este missivista supostamente não tem como se lembrar de detalhes específicos para usar no debate a não ser se passasse a vida assistindo aos episódios. Típico. É fascinante observar também que o trektardo cuidadosamente não se dirige a minha pessoa diretamente na sua resposta ao tópico, mas dado seus comentários, é evidente que ele fica de firulas para procurar estabelecer uma situação classe "caparuça serviu". Certamente faz isto porque não quer que suas provocações violem as Regras de Engajamento da comunidade, de modo a ser punido, e também conta que eu é quem violaria as regras ao eventualmente colocar uma resposta à altura de suas provocações. Mas isto apenas mostra que ele realmente não tem as bolas de dizer direto aquilo que tanta deseja dizer, é claro.

prq tudo em SW é lenda e em star trek é culpa da franquia?

Aqui, o trektardo se refere genericamente a um comentário da discussão em que foi argumentado que escudos defletores de naves de Guerra das Estrelas não desviam matéria, mas apenas energia. Ao invés de generalizar como ele faz, vamos fazer um aparte para específicos: esta questão é uma lenda comum porque é baseada na percepção de que o escudo magnético em volta do tubo de exaustão da Estrela da Morte impedem tiros de blasters dos X-Wing, mas não impedem torpedos, como visto no Episódio IV da trilogia. Mas como se trata de uma porta de exaustão, é evidente que aquele escudo não pode parar matéria, pois senão, como é que iria "exaurir" alguma coisa? E o fato de este escudo é deste jeito não invalida as outras características demonstradas em tela de outros escudos em Guerra nas Estrelas. É uma análise fácil de ser feita e é uma conclusão fácil de se chegar, mas não para ele, provavelmente.

Pelo amor de deus gostem dos filmes, gostem das series seja SW ou ST, mas não dediquem suas vidas a isso. Viver é bom e o mundo real pode não ter naves e tudo mais, mas é o que vc tem, não cacem sarna pra se coçar.

Aqui, o trektardo está querendo vir com um "argumento" classe "Get a Life", procurando estabelecer que aqueles que procuram debater adequadamente o tema são fanáticos sem vida. É evidente que ele mesmo se importa horrores com o debate, mas quer disfarçar isto ao fazer esta colocação. Ao que parece, realmente acredita que ninguém ali tem mais o que fazer, e só ele é responsável e sadio. Bem comportamento de trektardo, claro: acha que ele que é normal, os outros que são malucos.

Quero um treker aqui

Aqui, ele clama por alguém que supostamente "defenda" mais o "lado" de Jornada nas Estrelas. Provavelmente o trektardo assume que, aos meus argumentos serem favoráveis ao lado de Guerra nas Estrelas, eu não devo gostar de Jornada nas Estrelas, daí acreditar que se precisa de um trekker ali. Assim, o que deve ocorrer é que ele talvez imagine que eu ser colaborador voluntário em escrever elaborados colunas e artigos (como este, digamos) em um bom site brasileiro sobre Jornada, é porque "eu não seria um trekker. Ou talvez ele acredita que eu ter autorado durante dois anos e meio uma fanfiction de 180 páginas pesadamente baseada no universo de Jornada é devido a "eu não gostar" de Jornada. Ou ainda que eu ser um dos administradores, nada menos, de um segundo bom site brasileiro de Jornada é devido a "eu não ser" um trekker. E para não falar nada no fato de que, embora até aprecio a saga de Lucas (ainda que não a Nova Trilogia), as minhas participações no fandom de Guerra nas Estrelas são completamente inexistentes. Acredito que estas evidências mostrem bem para onde tende a minha preferência pessoal enquanto obra de entretenimento. Mas não que importe para o trektardo, claro -- sem isto, ele fica sem o seu falso dilema.

Debate irrelevante ou não, bobagem ou não, uma vez que se estabeleceu um debate tipo "versus", o que deve ocorrer é como com qualquer outro tipo de debate: se avaliar as características de ambos os universos de ficção, imparcialmente, e então se estabelecer uma conclusão disto, seja ela qual for. Agora, isto é esperar demais dele, provavelmente. Ele acredita que é uma questão de "lealdade", daí acabar surtando por o seu "lado" estar mais desguarnecido no debate do que o "outro lado".

pois ate o dono da comunidade parece gostar mais de SW do que de Star Trek, prq ai podemos ter uma luta justa eu tenho meu filho e uma vida e não tenho tempo de ser viciado tenho mais ou que fazer só me sobra tempo de ser fan das duas series de pronto.

Ah, o velho argumento de fanboy nas linhas "pai de família". Vamos traduzir para o Português isto que ele escreveu: "Bom, deixa eu estabelecer que não sou um geek, mas eles quem são, assim, santifico meu argumento." Seria mais ou menos isto que ele quis dizer acima.

Mas uma vez muito obrigado e não levem nada pro pessoal, lembre-se é só ficção, não é de verdade é mentirinha...rs

Traduzindo o que ele disse: "Não quero que aconteçam reações nenhumas as minhas provocações e não quero ter que aceitar as conseqüências do que eu escrevi." Típica atitude de trektardo, é claro. Não quer realmente ter que enfrentar conseqüências algumas as suas provocações e não tem as bolas de se manter pelo que fala, e não fala na cara o que tem para falar.

É claro que deve ter resposta logo de manhã mas não esquenta não se eu não responder prq tenho que cuidar de coisas imporatntes e reais...

Traduzindo o que ele quis dizer: "Como eu sei que não terei capacidade para contra-argumentar (daí eu não querer que aconteçam reações), deixa eu já estabelecer que seria como se eu não quisesse voltar ao tema."

Mas em um certo ponto aqui ele pode até ter alguma razão. Fiquei tão fascinado pelo tamanho do ridículo de sua mensagem, por ela ser tanto um "caso típico" de comportamento do trektardo, que ao invés de gastar alguns minutos para rascunhar uma mensagem de resposta lá, não resisti a criar um artigo ao blog, para servir de seqüência ao artigo original. Pois é de se considerar que a análise deste tipo de comportamento em uma mensagem provocativa destas gera o mesmo tipo de fascinação enauseante de um cachorro morto na estrada: é horrível, mas não se consegue tirar os olhos.

A defiant daria um pau feio naquela pizza mal feita e caindo aos pedaços, só sendo bem lerdo pra acreditar que uma sucata ia ganhar de uma nave de guerra tripulada por pessoas treinadas.

Aqui, ele se refere a específicos do tópico em questão. Mas como ele não consegue realmente argumentar com propriedade para defender este seu ponto de vista, o que lhe restou foi vir com a seqüência de várias mensagens na comunidade nestas linhas da lenga-lenga de seu "Get a Life" (sim, não foi a única mensagem que ele colocou lá -- clássica vendetta). Mas vamos ver o que ele argumentou: a Millenium Falcon já demonstrou capacidade de sobrevivência contra naves de porte militar em Guerra nas Estrelas. A tripulação da nave, Chewie e Solo, são veteranos de guerra e ex-militares, como estabelecido nos filmes e Universo Expandido. Assim, neste quesito, estão pau-a-pau com as características da sua adversária no tópico, a nave federada Defiant e sua tripulação... "militar".

Mas é claro isso tbm vai ser questionado daquele jeito irritante...>>>>>>>>>>>>

Ah, esta aqui é ótima. Ele invocou com o meu uso de sinais de maior para destacar os trechos das mensagens anteriores a qual faço referencia nas respostas. Aparentemente, ele desconhece que o uso de sinal de maior para destacar a citação ao que se está respondendo é uma prática absolutamente comum na Internet pelo menos desde os anos 80, quando o e-mail na forma que conhecemos surgiu. Mas pelo que parece, o trektardo acredita que a Internet foi inaugurada no dia que ele entrou on-line, ou talvez no dia que o Orkut foi criado. Mas não é de se espantar, também: o Orkut sendo a Newbilônia que é, isto explica muito. O Orkut tem mais novatos por megabyte de armazenamento no servidor do que até as infames salas de debate da AOL americana.

Como podemos ver, aturar determinadas pessoas no fandom é realmente uma tarefa árdua, e realmente é de se perguntar se vale mesmo a pena. A resposta é um fácil e sonoro não, claro. Pois é mais um destes que me aparece pela frente. No Orkut, no FTB, no J-BBS, em listas por e-mail e inúmeros outros lugares, eu realmente já estou farto de troll, trektardo e fanboy ficarem escarrando imbecilidades e ficarem questionando se sou ou deixo de ser um apreciador de Jornada ou não. Chega. Para tudo tem limite.

21 outubro, 2005

O insubmergível rebocador fluvial

O majestoso Titanic podia ser metido a se gabar sobre ser insubmergível e toda aquela cascata, mas falar é mais fácil do que fazer. Este pequeno rebocador fluvial é que de fato mata a cobra e mostra o pau. Vale a pena a visita.

20 outubro, 2005

Tava boa a janta, Mike?

Como esta matéria da Associated Press, no website do Washington Post relata, um testemunho acompanhado de evidências de um oficial da FEMA demonstra claramente que o cupincha incompetente do Dubya que dirigia a agência, Michael Brown, clara e abertamente mentiu em suas declarações de que ele "desconhecia" a gravidade da situação em Nova Orleans por dois dias depois das inundações terem iniciado.

Marty Bahamonde, o oficial mais graduado da FEMA que primeiro chegou a Nova Orleans, mandou inúmeros e-mails para Brown e seus assistentes, descrevendo claramente a situação caótica e desesperada no local, e também fez inúmeras ligações telefônicas para seus superiores, mas nada foi providenciado. Em dado momento, a secretária de Brown chegou até a dizer que seu chefe estava ocupado em se dirigir para um jantar e que isto iria tomar tempo e afins.
Tais e-mails aparecerem agora no que Bahamonde testemunhou no Comitê de Segurança Doméstica do Senado, que investiga as resposta federais a situação inicial após o Katrina. Ou seja, Michael Brown não apenas mentiu em suas entrevistas à imprensa sobre sua incompetência. Ele acabou mentindo também no seu depoimento ao Senado dos EUA, nada menos.

Contra Café

Enquanto no Brasil certos ex-guerrilheiros do Araguaia viram dinossauros se pendurando em benesses governamentais e se tornando "ôtoridadi" receptores e distribuidores de recheadas malas, os ex-guerrilheiros de outros países parecem estar mais dispostos a pelo menos tentarem alguma coisa que possa os tornar empreendedores. Como alguns dos ex-Contras da Nicarágua, que lutaram contra a ditadura de Somoza, e depois contra os Sandinistas, e que agora são cafeicultores e contam até mesmo com uma cooperativa que distribui o seu café nos EUA com toda finesse digna de uma verdadeira Starbucks e afins. Mas talvez fosse esperar demais dos "lutadores pela liberdade" brasileiros, claro. Coisa de "burguês" demais para eles, provavelmente.

Bonito, huh?

Eu ainda acho que nós vamos ouvir mais sobre o caso do vazamento da identidade da agente da CIA Valerie Plame; o investigador designado pelo Departamento de Justiça para o caso, Patrick Fitzgerald, é tido com boa reputação para cutucar na ferida, doa aonde doer, e pelo que as investigações vem avançando, dois assistentes-sêniors do Vice-Presidente Dick Cheney, John Hannah e David Wurmser, estão oferecendo boa cooperação para Fitzgerald.

A investigação procura determinar se o vazamento da identidade da agente foi uma manobra política de bastidores orquestrada pela Casa Branca para desacreditar o marido de Valerie Plame, o ex-embaixador Joseph Wilson, por este ter feito duras críticas as políticas externas da atual Administração em relação as ações no Iraque e a subsequente guerra. Revelar-se a identidade de operativos de agências de inteligência dos EUA é considerado grave crime federal nos EUA, classificável como ato de traição ao país, e há agravantes de vendetta política relacionados a confusão, então não é matéria pequena.

Entre outros, Lewis Libby, chefe-de-gabinete de Cheney, e Karl Rove, vice-chefe-de-gabinete do Dubya podem estar enrolados na história. O Rove já começou a sentir a temperatura subir várias semanas atrás, quando ficou claro que ele muito certamente deve ter alguma coisa a ver com a história, por mais que a cupinchada dele e do Dubya neguem os fatos -- uma investigação feita pela Newsweek estabeleceu que é bastante provável que ele foi uma das fontes da matéria da Time que levou a revelação da identidade de Plame como operativa da CIA.

Isto também demonstra claramente a mesquinharia desta atual administração até mesmo com os recursos da comunidade de inteligência dos EUA: colocam em risco não apenas uma agente, mas também não se fazem de rogado de ficarem travando toda a capacidade das agências de inteligência do país como a CIA, e como se não bastasse, distorcendo e deturpando as análises feitas pela agência para servir a sua agenda de intenções, como os relatos sobre as capacidades de armas de destruição em massa do Iraque posteriores a guerra; e depois que isto explodiu na cara desta administração, quiseram fazer da CIA um bode expiatório ao alegarem que "os dados não eram precisos". Bem coisa de fuinhas inescrupulosos, mesmo.

19 outubro, 2005

Agora você tem... agora não tem!

A atual Administração do Dubya parece realmente dedicada a querer literalmente sacanear os homens e mulheres servindo de uniforme pelo EUA. Entre lambanças mais específicas, como a morosidade em distribuir adequadamente proteção corporal para as tropas, e lambanças mais gerais, como meter o Exército dos EUA em virar babysitter de um país que não estava quebrado em primeiro lugar, ao invés de o utilizar de maneira mais adequada para realmente defender o país, agora são violações de promessas sobre tropas especializadas em determinados campos terem seus prometidos bônus caso mantivessem em serviço por períodos extras.

Não dá para entender realmente como é que se encara o Dubya, a sua cupinchada e o Partido Republicano em geral como sendo supostamente os mais adequados para defesa e os que respeitam mais as tropas -- não são nem uma coisa, nem outra. Colocam em sério risco a segurança e defesa dos EUA com estas políticas, esticam e tensionam desnecessariamente os recursos militares do país e fazem desrespeitos como estes com as tropas.

18 outubro, 2005

Uma Palhinha

Só comentar e nada demonstrar não é lá muito correto, não? Assim sendo, segue abaixo um exemplo de poesia que se pode encontrar na aqui já comentada Joaquim, para apreciação dos leitores. Manuel Bandeira o escreveu especialmente para a revista, publicado no número 17, em março de 1948.

Rondó do Atribulado do Tribobó

No vale do Tribobó
Tinha uma casa bonita
Com varanda de dois lados
Várias cadeiras de lona
Redes rangindo gostosas
E dentro pelas paredes
Uns quadrinhos mozarlescos
Como os cocôs de Clarinha...
Mas era um calor danado!

Lá fora em frente de casa
Tinha um bosque muito agradável
Todo de madeira de lei
-- Cedros jacarandás paus d'arco –
Debaixo de cuja sombra
Era bom ficar fumando
Embalançando nas redes
Contando bobagens...
Mas era um calor danado!

Dentro de casa o confôrto não deixava nada a desejar:
Luz elétrica gelo instalações sanitárias completas
Água quente de serpentina a qualquer hora do dia
Comida ótima
A mulher do homem que estava passando uns tempos no sítio era uma senhora distintíssima
Tinha três filhos: Rodrigo Luis que quando se referia aos planetas dizia "o Vênus", "o Mártir", etc; Joaquim Pedro bonitinho p'ra burro mas muito encabulado; e Clarinha, a mesma cujos cocôs já falei atrás.
Os meninos viviam de espingardinhas caçando taruíras
O atribulado achava tudo isto delicioso familiar bucólico repousante
Mas era um calor danado!

Na véspera da partida
Faltou água. Vejam só!
Foi um pânico tremendo
No sítio do Tribobó.
O atribulado desceu
Sacudido num fordinho
P'ra Maria Paula Baldeadouro Cova da Onça Fonseca Niterói
E embarafustou numa barca
Onde por cúmulo do azar
Surgiu o Martins errado!
(Não havia possibilidade de evasão
Nascer de novo não adiantava
Todas as agências postais estavam fechadas
Fazia um calor danado!)

Manuel Bandeira

17 outubro, 2005

Sim, Madame Presidente

Falando em The West Wing, me cai na mão os dois primeiros episódios de uma nova série de TV no gênero, Commander in Chief, produzida pela ABC. Trocando em miúdos a premissa inicial, o atual Presidente Bridges, um republicano, tem um derrame seguido de morte súbita, e assim, Mackenzie Allen (interpretada por Geena Davis), a Vice-Presidente, assume o cargo, fazendo com que seja a primeira mulher Presidente dos Estados Unidos. Contudo, Bridges a havia escolhido para estar na sua chapa em uma mera mistura de manobra de relações públicas com cuidado de trazer bagagem intelectual para a sua Administração, considerando que a moça tem vários prêmios Nobel, é habilidosa analista de política internacional, pertencente ao meio acadêmico, etc, etc. Um fator a mais na conversa toda é que Allen não é nem republicana ou democrata, o que fez dela o primeiro político de caráter independente a assumir a Casa Branca em mais de dois séculos; George Washington foi o primeiro.

Assim, Allen tem que enfrentar as reações iniciais contrárias de inúmeras pessoas frente a situação de ela assumir o cargo de um Presidente com o qual nunca concordou realmente com a agenda dele. O episódio-piloto se dedica a estabelecer as ponderações que ela faz para finalmente decidir manter-se no cargo, ao invés de renunciar para que o Speaker of the House assumisse, alguém que o finado POTUS parecia realmente preferir. Interpretado por Donald Sutherland, Nathan Templeton parece ser um Tom DeLay mais refinado, o que diz muito sobre as razões pelas quais Allen não estava mesmo gostando da idéia de ter que renunciar para que este mais preferido do "establishment" assumisse o cargo.

Commander in Chief está claramente querendo ser a The West Wing da ABC -- bastam 15 minutos dentro do piloto para qualquer um ver as semelhanças intencionadas pela equipe de produção com a série da NBC: com Geena Davis, tem um nome de peso de Hollywood para servir como POTUS, tem o tom solene das cenas, a fotografia e desings de produção, as posições e características dos personagens que lista, o andar apressado pelo corredor com câmera seguindo, até a típica foto preto-e-branca de uma pessoa angustiada de costas no Salão Oval na abertura, está tudo lá.

Mas pelo menos neste primeiro momento, não dá para encarar CinC como senão um "genérico" de TWW: o tom geral da trama me pareceu um tanto quanto simplista, e a série carece um pouco do diálogo rápido e inteligente típico dos primeiros anos de TWW, marca da equipe liderada pelo criador da série, Aaron Sorkin. A série da ABC também vai precisar demonstrar que pode desenvolver e entregar personagens de peso, peça fundamental em uma série com estas características. Intelectualmente, Allen é uma Bartlet-de-saias; e visualmente, com belas pernas por debaixo das bem-cortadas saias, tudo muito bom. Mas isto só não basta e tanto ela como o grupo de personagens geral terão que mostrar a que vieram, e espero que a equipe criativa de CinC saiba os desenvolver a todo seu potencial e ao potencial da premissa. E sinceramente espero que eles não desandem para estabelecerem de maneira exagerada situações de "mulher-presidente"; é uma premissa que acho interessante, mas isto por si só não segura uma série inteira.

É verdade que é um tanto quanto prematuro para querer mesuarar o total potencial de CinC, bem como é um tanto quanto injusto querer balizar este potencial por eventuais comparações com TWW, mas ao se meterem a colocarem em campo uma série exatamente com as características que colocou, então a coisa praticamente acontece por padrão. Mas enfim, gostei do que vi por ora, embora ainda é cedo para saber se vou me entusiarmar com a série. Aguardemos.

16 outubro, 2005

Debate ao Vivo


Para os que acompanham a série The West Wing, este formato de episódio deverá ser bem interessante. Um dos episódios desta série durante a sua campanha presidencial será transmitido ao vivo, nada menos -- com Jimmy Smits (interpretando o democrata Matt Santos) e Alan Alda (interpretando o republicano Arnold Vinick) atuando como em um debate regular; durante o evento, a ação também ocorrerá na hora prévia ao debate em si e alguns momentos depois, incluindo outros personagens, como o pessoal envolvido na campanha de Santos, por exemplo. A transmissão ao vivo do episódio está marcada para 6 de novembro, as 20 horas, horário do leste dos EUA.

Como costumo acompanhar a série, estou curioso para ver este episódio, embora na sua provável versão editada para reprises, claro. Ainda que uma versão idealizada da política dos EUA, The West Wing mesmo assim consegue manter um bom equilíbrio entre o idealismo e a realidade, aliado a um bom trabalho com personagens e ótimo texto. A série deu uma boa recuperada de qualidade nesta sua sexta e sétima temporadas, embora não seja realmente a mesma série das primeiras. Mas esta campanha tem sido agradável de acompanhar, pois pelo menos, ambos os candidatos democrata e republicano são a altura do cargo, gente séria, conhecedora e competente, ao contrário por exemplo, da versão republicana na vida real em nossa própria realidade...!

15 outubro, 2005

Agora tem até "flood"...!

Que não dá para se confiar em enquetes onlines de sites isto é arquisabido, evidentemente. Tanto, é claro, que as próprias enquetes trazem alertas sobre suas prováveis imprecisões, considerando que não tem nada mais fácil do que conseguir votar mais do que apenas uma vez nestas enquetes. Contudo, teve duas destas enquetes onlines que me chamaram a atenção. Vamos a elas.

Enquete da Folha Online sobre o Referendo, por volta das 15:30 de 15/out:


Enquete do UOL sobre o Referendo, por volta das 15:30 de 15/out:

Ambas as enquetes ficam meio que "próximas" na Internet, considerando que a Folha Online é hospedada pelo próprio UOL, e muitos links dele vão para a própria Folha Online. Mas então, como explicar a razoável diferença entre uma enquete e outra? A teoria que eu tenho se relaciona com dois fatos principais. Primeiro, até o momento em que fiz estas duas capturas-de-tela, a chamada na página do UOL para a sua enquete estava muito melhor destacada do que a chamada na página da Folha Online para a sua própria enquete. Enquanto a do UOL estava logo abaixo da caixa de manchete principal, a da FOL estava em uma área bem mais abaixo na página, em menor destaque -- isto ajuda a explicar, também, a considerável diferença entre a quantidade de votos totais de ambas, quase sete vezes mais para a do UOL. E em segundo lugar, a enquete do UOL também está sendo muito mencionada em inúmeras comunidades relacionadas ao Referendo no Orkut, bem como listas de e-mail e afins.

A conclusão que se pode imaginar é que partidários de ambos os lados no Orkut, e também em outros fóruns e listas, espalharam mensagens pedindo para que votem a favor de uma ou outra opção na enquete do UOL, o que fez com que esta sofresse uma torrente de visitas estimuladas, enquanto a da FOL, por estar em menor destaque, recebeu muito mais visitas meramente espontâneas. Relacionado a este ponto, é de se mencionar também que até ontem, sexta-feira à noite, enquanto as notícias sobre a enquete do UOL ainda não tinham se espalhado tanto, a diferença de votos em favor do Não na enquete do UOL era semelhante a da FOL, perto de 70 por cento de apoio. Contudo, como eu não tenho uma caputura-de-tela de ontem para suportar esta minha afirmação, não vou pedir ao leitor aceitar esta minha última afirmação em particular apenas pelo valor da face; mas acho que é interessante mencionar, pelo menos.

Agora, tudo isto que eu especulo aqui quer dizer que o apoio ao Não é necessariamente tão sólido assim? De forma alguma; como eu disse, não se dá para confiar cegamente em enquetes online. Mas foi algo que me chamou a atenção o bastante para merecer uma avaliação um tiquinho mais cuidadosa.

Oh, mas estes comunas impetuosos...

Treasure Chest foi uma revista em quadrinhos editada nos EUA entre os anos 40 e 60 por uma editora chamada "Catholic Guild" (bom, já vamos vendo). Nesta seqüência de números publicados em 1961, há uma história sobre uma "tomada comunista dos EUA" e posteriormente a "história do comunismo".

Mas é tanto erro histórico, tanta situação implausível, tanta distorção sem cabimento, tanta ingenuidade por personagens completamente perdidos que a coisa é capaz de azedar leite, trincar concreto e fazer bebês chorarem. Simplesmente hilária a obra, quase caí da cadeira de tanto rir em dadas passagens...!

Os que me conhecem bem sabem que se tem algo que não sou, é de esquerda -- sou tão a favor do Liberalismo que faria o Roberto Campos corar de vergonha. Mas ridículos como este não dá para agüentar. Mesmo para os padrões americanos de quadrinhos dos anos 60 a narrativa parece exagerar o tom. Se idiotices como esta não prestavam um deserviço à própria causa que alegam defender já na época em que foram publicadas, certamente fariam isto agora, onde seu ridículo fica completamente óbvio.

iDiota

"Lançamento" do iProduct

Bwhahaha, beeeeeem verdade, não há como negar...!

14 outubro, 2005

Arre...!

Demorou mas saiu, huh: Segundo a pesquisa do Ibope divulgada pela Rede Globo, o Não está com 49% contra 45% do Sim.

Ahhhnnnn... interessante. Cabeça a cabeça, com vantagem para o Não. Eu estava bastante pessimista um tempo atrás, mas pelo jeito, se perder, pelo menos não vai ter sido sem uma briga boa.

Ver a reação inicial dos defensores do Sim a esta primeira pesquisa ampla tem servido para mostrar bem a mentalidade detrás de sua agenda de intenções: lá vem a correnteza de desculpas a lá Seleção Brasileira -- o campo que é pequeno, a bola que é redonda, o juiz que é ladrão. Como por exemplo, a velha "O Lobby da Bala é forte no Brasil". Bwhahahaha...! Acham que tem lobby pró-arma forte no Brasil? O "lobby" pro-arma no Brasil é uma piada. Se no Brasil tivéssemos algo como o Instituto de Ação Legislativa da NRA, aí sim se iria ver o que é mesmo lobby forte.

A pesquisa por pesquisas continua...

Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, a campanha pelo Sim está procurando fazer alguns ajustes internos e de comunicação para reverter a queda na vantagem com que contam. Vantagem esta apurada, segundo consta, por "pesquisas internas".

Puxa, bom para eles que estejam podendo ursufruir de informação, pois até agora, não encontrei explicação razoável para a completa falta de pesquisas de intenção de voto neste Referendo. Aqui e ali se menciona sobre "Ah, as pesquisas isto" e "as pesquisas aquilo", mas que pesquisas? Não houve nada amplo ou largamente divulgado, como em toda eleição regular. Como já comentei neste espaço antes, a última pesquisa do Datafolha a respeito foi em 1 de agosto, portanto não realizada em um contexto de campanha como estamos agora, e é ridículo que ainda se mencione esta pesquisa defasada como "segundo as pesquisas" o Sim estaria com 80% de intenções de votos.

Mesmo se formos considerar uma eventual proibição de divulgação de pesquisas nos 15 dias que antecedem o pleito, neste caso as pesquisas deveriam ter sido interrompidas no dia 8 último. Mas por grande parte de agosto, setembro inteiro e começo de outubro, não se teve nenhuma pesquisa ampla realizada e largamente divulgada. Em eleições regulares, os grandes institutos conseguem manter um fluxo de pesquisas praticamente semanal, entre a divulgação dos resultados de um e outro.

13 outubro, 2005

Vamos falar do Referendo

É interessante que já fique claro que este missivista é a favor do "Não". Desde pequeno sou um entusiasta sobre armas, procuro conhecer mais sobre o tema com leituras e pesquisas, conhecer a história e evolução da tecnologia, políticas relacionadas a respeito, e até mesmo faço parte dos quadros de associados da National Rifle Association, nos EUA. E, embora o esporte de prática regular deste missivista seja o arco-e-flecha olímpico, vez e outra acompanha colegas praticantes de tiro prático em seus treinos, tudo com a maior seriedade e uma rígida preocupação com segurança que beira a obsessão – coisa absolutamente necessária.

Daí uma certa demora em tocar no assunto, por incrível que pareça. Mas sabe quando você está tão enfadado de um dado assunto que, mesmo sendo coisa de seu interesse, você realmente não se sente propenso a falar a respeito? Pois é tanta idiotice, tanto achismo, tanta imbecilidade, tanto ignorante-no-tema dando pitaco sem embasamento e sem argumentação bem fundamentada que já estou me aproximando de uma situação em que sequer lembrar da existência do Referendo já basta para me dar asco.

E é importante considerar que isto não ocorre devido apenas a esta ignorância generalizada que está impregnando o "debate" sobre os pontos particulares da questão – se a criminalidade vai cair ou não, contrabando, vítimas, acidentes, estatísticas retiradas do próprio rabo, falta completa de pesquisas sérias a respeito, e poraí afora. O meu problema com o Referendo é mais conceitual, e está principalmente contra ele per se.

Segundo dados do TSE, a última eleição geral no Brasil, para Prefeitos e Vereadores em 2004, custou cerca de 600 milhões de reais. Considerando que o Referendo, por não envolver diretamente as máquinas partidárias e um número grande de candidatos, deve ser então uma eleição mais simples. Ainda assim, é de qualquer modo uma mobilização eleitoral geral no país, e como as eleições brasileiras são no seu todo bem gerenciadas e completamente informatizada e todo os quetais, a conta ainda deve ficar grande, e destes 600 milhões de reais da eleição passada, não é irreal imaginar que esta deva pelo menos custar um terço disto... 200 milhões de reais, digamos.

Agora, o que este tema tem em particular que faz com que ele mereça tamanha logística de se convocar um referendo deste porte para decidir um mero aspecto dele como um todo, considerando que não é o Estatuto do Desarmamento inteiro que está sob discussão, mas apenas o previsto no Artigo 35 dele, sobre a proibição da comercialização daqui para a frente? Outros polêmicos e importantes temas, como ampla reforma política, por exemplo, não são considerados para consulta popular nestes moldes. Mas mesmo que fossem, acredito que não deveriam ser, pois a idéia em si de referendo e plebiscito são péssimas idéias, se levada a cabo com freqüência demasiada, ou como no caso deste Referendo, literalmente nas coxas no que diz respeito ao que, afinal de contas, está sendo debatido e decidido. Pode soar elitista e antidemocrático, mas se avaliarmos a questão com seriedade e de forma racional, veremos que é bem o contrário.

O Fulano de Tal, ou seja, brasileiro médio como um todo, simplesmente não tem o interesse, capacidade, predisposição ou sequer tempo para debruçar sobre questão de tamanha complexidade e avaliar todos os aspectos relacionados. Não é realmente algo ideal, mas é a realidade. E por conseqüência, esta é uma das razões fundamentais para a existência de duas Câmaras Legislativas nesta República, não? O próprio conceito de legislativo é justificável por isto: como os debates e decisões para se gerir uma sociedade complexa e grande como uma nação moderna de cerca de 180 milhões de habitantes são algo que demandaria demais do cidadão médio, a sociedade então optou por um formato de governo onde não se toma todas as decisões diretamente, mas sim se elege representantes para tomarem estas decisões. Pois se não for assim, o resultado acaba sendo não uma república democrática, mas sim uma ditadura da maioria, e as conseqüências podem ser as piores possíveis. Vamos avaliar um exemplo real de como um pouco desta situação pode gerar problemas.

Recentemente, a Califórnia se viu dentro de um grave enrosco fiscal que quase leva este estado dos EUA a falência, de gravidade intensa o bastante para aquele estado decidir por uma "eleição-recall" na qual Arnold Schwarzenegger foi eleito novo Governador do Estado. Mutcho bene. Mas como a Califórnia chegou a tal situação?

No final dos anos 60 e início dos 70, houve na Califórnia um plebiscito no qual a maioria do povo podia decidir pela revogação ou não de diversas taxas públicas relativas a posse imobiliária. O plebiscito aprovou a proposta, e muitas destas taxas foram revogadas. Como este estilo de decisão nunca foi completamente estranho aos americanos em geral, os californianos se animaram com plebiscitos e fizeram outros. Só que nestes outros plebiscitos, a maioria do povo começou a decidir em favor de pontos tais como obrigatoriedade do estado em usar X de sua arrecadação em educação, decidir por construção de obras enormes, decidir por mais modificações fiscais e de arrecadação, etc, etc.

Então as coisas começaram a entrar em contradição: a maioria do povo decidiu por menos taxas. Mas a maioria do povo também decidiu por maior gastos em todas as áreas da administração pública. Isto foi indo, foi indo, e agora, a Califórnia estava na situação patética em que se encontra na ocasião, afundada em dívidas e pedindo a cabeça do Governador, ao que levou a eleição-recall.

E agora, José? A maioria do povo quer que todas as fatias da torta sejam enormes. E não interessa o quanto você explique para determinadas pessoas que se ela votar em X em um dado plebiscito, e em Y em outro, tais coisas serão contraditórias e se anulam mutuamente, ou algo assim. Há sempre determinadas pessoas que não querem saber, ou não se importam o bastante com a questão para avaliarem a coisa com critério e ver os possíveis pontos incompatíveis entre determinadas propostas. Teríamos que esperar de todos os eleitores, cada um deles, fazer ponderações e considerações racionais as quais nem todos tem o discernimento, o bom senso ou meramente o tempo necessário para tal. Com toda a certeza, ia acabar tendo pessoas que iam também querer que todas as fatias da torta fossem grandes.

Isto é um estilo esquizofrênico de governo, e é uma das razões pelas quais considero que a ditadura da maioria não é uma maneira viável de se manter uma sociedade. É para evitar este tipo de coisa que os sistemas democráticos devem possuir casas legislativas fortes e sérias, e relevantes ao exercício da administração pública, e as quais realmente representem o povo. Plebiscitos a torto e a direito é algo que eu acredito que na melhor das hipóteses só seria viável em improváveis sociedades utópicas ou em comunidades muito, muito pequenas, onde um debate detalhado pode ocorrer. Por isto que diversas cidades americanas usam a ferramenta nas chamadas "town meetings", mas porque tais comunidades são pequenas o bastante para isto.