13 fevereiro, 2006

Respeito só para as Agendas, pelo jeito

Como comentei recentemente em tópico do J-BBS, sobre a crise da charge dinamarquesa, a questão do "Há de se respeitar a crença dos outros" ser algo que tem que necessariamente invalidar qualquer possibilidade de crítica, brincadeira ou algo do tipo a uma religião é muuuuuito relativa.

Uma das coisas que pesa na questão é a importância de uma religião, e isto tem base puramente de popularidade e influência política e sócio-econômica do grupo religioso: se o cartoon estivesse aloprando Zeus (ou qualquer outra divindade "pagã"), todos estariam se lixando para o desrespeito, já que a massa de ofendidos seria tão pequena que deve caber em uma cabine telefônica. Mas existem, e estariam sendo desrespeitados. Só porque determinadas religiões tem poucos seguidores não mudaria o claro fato de que teria sido um suposto "desrespeito" do mesmíssimo tipo... mas não geraria o mesmo dilema, dado o fato de que a importância e influência destas religiões pouco populares não serem algo preocupante. Mas já que estamos falando do culto da multidão que tem seus sectos de milhões de melindrosos malucos, aí então surgem os papos de "respeito à crença". Sei, sei.

Não deveriam ser por razões pragmáticas todo o posicionamento "indignado" de ocidentais (seculares ou não) à suposta ofensa ao islã. Mas é por razões pragmáticas, sim, por mais que se negue isto e por mais que se queira carimbar "respeito as diversidades" e outros slogans politicamente corretos na coisa. É que nem o fato de que fazer piada sobre judeus, gays e negros dá altos rebuliços em determinadas rodas ou na sociedade como um todo, mas fazer piadas sobre esquimós não acontece nada. O lobby de melindração é muito mais forte com os três primeiros grupos, mas não com o quarto.