Em recente viagem de carro pelo sudoeste dos EUA, através de Nevada, Arizona e Califórnia, este missivista se encontrou em três situações distintas no trânsito que o fizeram xingar em voz alta outros motoristas e a situação geral do tráfego, durante um período total de dez dias e 3300 Km percorridos. No dia de trabalho seguinte à volta ao Brasil, no mero trajeto de 35 Km comutando de casa para o trabalho, a quantidade de xingamentos foram quatro. Um xingamento por volta de cada 9 Km percorridos, contra um xingamento a cada 1100 Km percorridos na Califórnia.
Qual seria a razão desta nítida disparidade de humor? Eu não descarto que vários elementos colaboraram para que eu tivesse um ambiente viário bem mais tranqüilo, como qualidade das ruas e estradas, carro com transmissão automática, uso de GPS com navegação curva-a-curva... mas o elemento que eu estou certo que foi o fiel da balança nisto é a maior educação no trânsito dos demais motoristas.
Os Californianos tem muitas piadas sobre o suposto horror que é dirigir em suas cidades, como aquela que cita que eles são tão estressados no trânsito quanto os Nova-Iorquinos, mas sem a mesma habilidade. Embora eu até não coloque em xeque esta fama dos Californianos, uma vez que de fato o trânsito lá me pareceu mais complicado do que de outras regiões dos EUA nas quais já dirigi, mesmo assim a atitude californiana no trânsito é muito, mas muito melhor do que a atitude nossa no trânsito. Comparado aos californianos, supostos péssimos motoristas, nossa educação no trânsito é horrível, e sim, eu me incluo nisto – não há como não, dado os vícios que nós temos no trânsito, os quais acabo tendo por padrão, mesmo com minha preocupação em evita-los ao máximo.
Embora até existam relatos sobre outras nacionalidades serem ainda piores no trânsito do que nós (com o agravante de terem códigos e regulamentações mais precárias), dois errados não fazem um certo, e o que deveríamos fazer é nos aproximarmos mais da melhor educação americana nisto do que a um eventual baixo denominador comum entre outros países.
Sim, sim, querer julgar isto tudo apenas pela minha experiência pessoal pode ser um pouco de evidência anedota, é verdade. Mas a disparidade clara que pude perceber entre a educação viária nossa e a americana é simplesmente grande demais para se negligenciar estas possibilidades.