Hoje, chegou aos cinemas nacionais o mais novo longa de animação da Pixar, Carros, o qual já pude assistir em pré-estréia. O link leva para a página em Português da Wikipédia, de onde há outros links para as páginas do filme e no IMDB; há detalhes do roteiro lá, então procedam com cuidado, caso não desejem saber de antemão detalhes demais da trama.
Friamente falando, o filme é merecedor de nota 7,5... 7 talvez. Ou seja, é bom sem ser ótimo -- tem personagens simpáticos, toques meios no estilo do Frank Capra, animação excelente, mas também tem seus problemas, como a história ser claramente previsível, possuir diversos clichês comuns a este tipo de filme, como Doc Hollywood, um filme do início dos anos 90, com Michael J. Fox, que possui trama bastante semelhante. Além do fato de que o universo onde os carros existem como seres conscientes, divertido que foi ver seus detalhes, abusou tanto de ser implausível que quase estourou meus limites de suspensão de descrença...!
Contudo, o que eu posso dizer pessoalmente é que foda-se tudo isto. Na minha percepção pessoal, Carros tem que ter nota dez, não há como. Pois filmes, bons filmes, tem que cativarem emocionalmente o espectador, para fazerem a diferença entre apenas serem mais um bom filme, e serem um marcante bom filme. E Carros consegue isto comigo, pois posso dizer que tenho ligações emocionais com a trama -- já tive a oportunidade de ter dirigido através de trechos daquilo que foi a real Rota 66, os localizados no sudoeste dos EUA.
Com mais dois bons colegas de viagem, e como na famosa canção composta por Bobby Troupe, dirigi através de Barstow, Needles, Kingman, San Bernardino, entre outras, incluindo aquilo que um dia foi Amboy, uma das cidades que outrora estiveram localizadas na Rota 66, e cujo destino foi uma das inspirações para a Radiator Spings do filme. Dirigir aquele Ford Mustang através daquela estrada na direção do por-do-sol na costa do Pacífico realmente é de criar um elo de ligação forte com o tema do filme e suas nuances.
Sim, Carros pode não ser o melhor filme da Pixar até hoje, e muitos o classificarão como sendo aquele que interrompeu a notória linha de sucessos da Pixar com unanimidades de público e crítica... e isto apesar de Cars ter tido um sólido 76% no Rotten Tomatoes, e seguramente deva passar de 200 milhões de dólares de arrecadação somente nos EUA, fora o resto do mundo. Ou seja, um claro sucesso no conceito de qualquer um, exceto dos naysayers de sempre, claro.
Seja como for, acredito que Carros foi uma adição excelente ao rol de filmografia da Pixar, que demonstra músculos não apenas de sucesso financeiro, mas também de sucesso criativo. Que assim conservem, e vamos ver o que mais terão para apresentar.