Vez e outra, quando há eleições presidenciais nos EUA, um dos passatempos da esquerda é criticar o sistema de "Colégio Eleitoral" dos EUA, onde o vencedor em um dado estado leva todos os votos eleitorais do estado, exceto no Maine e Nebraska, onde pode ocorrer alguma divisão, embora isto não tenha ocorrido em tempos recentes.
Ah, mas como alguns destes idiot... digo, quadros da esquerda brasileira, particularmente os desculpista desta atual Administração no Planalto, como eles adorariam que neste momento o Brasil tivesse um sistema idêntico ao dos EUA.
Pois se fosse o caso, o Lula já teria vencido a eleição, e com alguma folga, até.
Usando a quantidade de Deputados Federais como parâmetro para criarmos um cenário de simulação do Brasil ter o mesmo sistema americano, teríamos uma situação onde o vencedor precisaria acumular 257 Votos Eleitorais para levar a eleição (nos EUA são necessários 270).
Considerando o resultado nos estados e sua representação na Câmara, o mapa eleitoral brasileiro ficaria como segue a imagem (Até para combinar, ao melhor estilo americano, vamos usar as cores "invertidas": vermelho para aquele mais à direita no espectro político, azul para aquele mais à esquerda):
Mapa este baseado nesta divisão de Deputados para equivaler aos VE do suposto Colégio Eletoral Brasileiro:
UF - Vencedor, VE
Acre - Alckmin, 8
Alagoas - Lula, 9
Amapá - Lula, 8
Amazonas - Lula, 8
Bahia - Lula, 39
Ceará - Lula, 22
Distrito Federal - Alckmin, 8
Espírito Santo - Lula, 10
Goiás - Alckmin, 17
Maranhão - Lula, 18
Mato Grosso - Alckmin, 8
Mato Grosso do Sul - Alckmin, 8
Minas Gerais - Lula, 53
Pará - Lula, 17
Paraíba - Lula, 12
Paraná - Alckmin, 30
Pernambuco - Lula, 25
Piauí - Lula, 10
Rio de Janeiro - Lula, 46
Rio Grande do Norte - Lula, 8
Rio Grande do Sul - Alckmin, 31
Rondônia - Alckmin, 8
Roraima - Alckmin, 8
Santa Catarina - Alckmin, 16
São Paulo - Alckmin, 70
Sergipe - Lula, 8
Tocantins - Lula, 8
Ou seja, Lula teria vencido com 301 VE, ou 58,67% em porcentagem, enquanto Alckimin teria ficado com 212 VE, equivalente a 41,33%.
Claro, está é uma extrapolação seca baseado no número de Deputados como é no momento. Mas acredito que um cálculo baseado em como era o Colégio Eleitoral da época da ditadura, ou um mais próximo aos valores dos EUA (mínimo de 3 VE, máximo de 55) não daria um resultado tão diferente.
Notemos que em porcentagem, o resultado para Alckimin teria sido semelhante ao que foi em votos populares. Mas como neste cenário os demais candidatos não teriam vencido estado algum, seus votos então não teriam pesado tanto, ou no mínimo, ajudado Lula carregar determinados estados valiosos, como o Rio de Janeiro.
Uma ironia curiosa, para dizer o mínimo. Claro, pode sempre servir como justificativa para comentar algo sobre como supostamente o sistema americano estaria obsoleto. Seja como for, tem funcionado bem lá (pouquíssimas ocasiões o vencedor teve menos votos populares, e mesmo assim, por pouca coisa) e tem suas próprias vantagens. Mas que teria vindo bem a calhar para os desculpistas da atual Administração no Planalto manterem o seu mimoso lá.