26 novembro, 2005

Sagas indo e vindo

Hoje em dia, o consenso em torno de O Império Contra Ataca é que, enquanto filme per se, este é o melhor dos seis filmes da saga criada por George Lucas. Contudo, mais de uma vez eu já esbarrei com a afirmação de que isto nem sempre foi tão consenso assim, como pode demonstrar as críticas da época do lançamento, um exemplo sendo a da The New Yorker na sua edição de 26 de maio, 1980. Embora reconheça o talento de Irvin Kershner na direção e que o filme tem seus méritos próprios, Roger Angell afirmou que não se trata de um filme tão agradável e estimulante quanto o anterior. Mas seja como for, tanto ele quanto seu filho pequeno saíram plenamente satisfeitos do cinema.

Agora, o que fisgou o meu olhar mais de perto na crítica foi a seguinte passagem...

Garotos que tanto costumam ler quanto ir ao cinema vão notar que [o filme] não tem a densidade de O Senhor dos Anéis, ou ainda o senso de mistério de As Crônicas de Narnia de C.S. Lewis, e eu não acredito que eles realmente queiram muito disto aqui.

Com O Senhor dos Anéis já sobre nossas estantes por meros meses, e As Crônicas de Nárnia prestes a ficarem sobre nossas cabeças dentro de meras semanas, achei curioso esbarrar com a antiga citação dupla, agora que foi finalizada a saga da qual O Império Contra Ataca faz parte. Posso atestar pelo menos a respeito da versão de cinema de O Senhor dos Anéis, mas ainda há de se esperar sobre As Crônicas de Narnia, é claro. Mas a minha percepção atual sobre esta produção da Disney seja basicamente a de que é o resultado de dois fatores. É a soma da dor-de-cotovelo de terem tido tanto O Senhor dos Anéis e Harry Potter nas mãos e terem deixado escapar pelos dedos, com a frustração de que Jerry Bruckheimer não tenha conseguido tirar outro Piratas do Caribe da cartola ao ter produzido o recente Rei Arthur. Terão sucesso em conseguir tirar um resultado positivo desta soma? Resta aguardar.

Pois pelo que parece, a Disney voltou à prancheta de projetos e tentou novamente, após ter anotado bem as lições deixadas pela adaptação da obra de Tolkien feita por Peter Jackson... o próprio trailer parece se preocupar horrores em deixar claro um senso de "Olhem, olhem, nós também temos um megaduperhiper épico de fantasia". Fora o fato de que além de estar jogando para a torcida que lotou os cinemas com O Senhor do Anéis, a Disney também parece que contou um pouco com a torcida que lotou os cinemas com A Marcha do Imperador, como notícias recentes indicam. Com este tipo de coisa eu posso passar sem, devo admitir...!