20 outubro, 2005

Bonito, huh?

Eu ainda acho que nós vamos ouvir mais sobre o caso do vazamento da identidade da agente da CIA Valerie Plame; o investigador designado pelo Departamento de Justiça para o caso, Patrick Fitzgerald, é tido com boa reputação para cutucar na ferida, doa aonde doer, e pelo que as investigações vem avançando, dois assistentes-sêniors do Vice-Presidente Dick Cheney, John Hannah e David Wurmser, estão oferecendo boa cooperação para Fitzgerald.

A investigação procura determinar se o vazamento da identidade da agente foi uma manobra política de bastidores orquestrada pela Casa Branca para desacreditar o marido de Valerie Plame, o ex-embaixador Joseph Wilson, por este ter feito duras críticas as políticas externas da atual Administração em relação as ações no Iraque e a subsequente guerra. Revelar-se a identidade de operativos de agências de inteligência dos EUA é considerado grave crime federal nos EUA, classificável como ato de traição ao país, e há agravantes de vendetta política relacionados a confusão, então não é matéria pequena.

Entre outros, Lewis Libby, chefe-de-gabinete de Cheney, e Karl Rove, vice-chefe-de-gabinete do Dubya podem estar enrolados na história. O Rove já começou a sentir a temperatura subir várias semanas atrás, quando ficou claro que ele muito certamente deve ter alguma coisa a ver com a história, por mais que a cupinchada dele e do Dubya neguem os fatos -- uma investigação feita pela Newsweek estabeleceu que é bastante provável que ele foi uma das fontes da matéria da Time que levou a revelação da identidade de Plame como operativa da CIA.

Isto também demonstra claramente a mesquinharia desta atual administração até mesmo com os recursos da comunidade de inteligência dos EUA: colocam em risco não apenas uma agente, mas também não se fazem de rogado de ficarem travando toda a capacidade das agências de inteligência do país como a CIA, e como se não bastasse, distorcendo e deturpando as análises feitas pela agência para servir a sua agenda de intenções, como os relatos sobre as capacidades de armas de destruição em massa do Iraque posteriores a guerra; e depois que isto explodiu na cara desta administração, quiseram fazer da CIA um bode expiatório ao alegarem que "os dados não eram precisos". Bem coisa de fuinhas inescrupulosos, mesmo.