30 setembro, 2005

Não se tem mais respeito...

Invariavelmente, aqui e ali onde eu procuro entrar em algum debate, sério ou não, sempre tem alguém que, incapaz de suportar seus argumentos com bom embasamento, acaba vindo com a velha clássica: "Você não respeita a minha opinião".

Eu realmente já perdi a conta de quantas vezes isto já ocorreu de modo que eu precisasse expor minhas considerações sobre esta questão. Então, para deixar claro de uma vez de todas, vamos dar uma repassada nesta história aí de "respeito à opinião".

Não, eu não preciso necessariamente "respeitar a opinião" de ninguém.

O que eu devo respeitar são duas coisas. Primeiro, o direito de uma pessoa de possuir uma dada opinião. E segundo, o direito desta pessoa em poder demonstrar esta sua opinião para quem deseja. São as duas coisas que respeito sempre nesta questão.

Agora... ter porque ter que respeitar a opinião em si? Se esta... "opinião" for pura e simplesmente uma idiotice, como é que eu devo respeitar algo que não se faz respeitar em primeiro lugar? É ridículo se exigir necessariamente respeito pela opinião, como se não a respeitar fosse sinônimo de também não respeitar a pessoa em si, ou seus direitos sobre a ter e exercê-la. Não são a mesma coisa, e assumir que são é criar falso dilema. Para não falar nada sobre quando a coisa sequer é opinião, mas sim mero pitaco – gerada por puro e completo achismo, sem a pessoa ter se dado ao trabalho de ao menos tentar se interar e conhecer melhor o assunto em debate.

Se uma opinião é adequadamente argumentada, bem defendida e embasada com evidência sólida, e formulada depois de se conhecer o tema em questão, então ela se fará respeitar por si mesma. Agora, se ela não cumpre nada disto, e também acaba claramente se mostrando mero pitaco, então as chances de eu a respeitar são zero, e pode muito bem ser classificada como pura e completa idiotice, se aplicável ao caso.

O mais irônico de tudo é que esta minha colocação de certa forma consegue entrar em uma espécie de modo "auto-confirmável": se você está concordando comigo, então beleza. Mas se não está concordando, e acredita que toda esta minha opinião acima é uma idiotice, então...

29 setembro, 2005

Liga Feminina

Esquerda para direita, Staff Sgt. Josie E. Harshe, engenheira de vôo; Capt. Anita T. Mack, navegadora; 1st Lt. Siobhan Couturier, pilota; Capt. Carol J. Mitchell, comandante da aeronave; e embarcadores-mestre Tech. Sgt. Sigrid M. Carrero-Perez e Senior Airman Ci Ci Alonzo.

Por estes dias a Força Aérea dos EUA realizou a primeira missão regular de uma tripulação de aeronave completamente composta por mulheres, no que um C-130 foi utilizado para transportar 151 fuzileiros navais dos EUA e equipamento para zonas de combate no Afeganistão e Iraque.

Pelo que elas mesmos comentaram, é obvio que tem consciência que o evento em si é manobra de relações públicas, e que seria bobagem querer se começar a deslocar mais e mais tripulações completamente femininas apenas pelo charme da coisa -- o que tem que prevalecer são as questões técnicas e racionais para se compor tripulações, não mais, não menos. Mas seja como for, não deixa de ser uma curiosidadezinha interessante sobre como não há realmente o porque de se negar a mulheres maior integração e participação em posições de comando e decisão em organizações militares.

Eu só fico imaginando a quantidade de piadas relativas a aeromoças que o destacamento de fuzileiros devem ter feito durante o vôo...!

Well played, Clerks... well played

Não há problema algum em constatar uma jogada eficiente quando se observa uma: Parece que a atual Administração do Planalto finalmente conseguiu não apenas viabilizar o Aldo Rebelo para o cargo de Presidente da Câmara, mas também fazer com que ele ganhasse. É admirável que depois das críticas da semana passada, o Planalto tenha vindo de segunda para cá realmente disposto a ganhar e para isto, não se fez de rogado em aplicar uma blitzkrieg. O curioso fica, é claro, pelos usos das mesmas táticas que a esquerda tanto dizia serem fisiológicas e coisa e tal -- oba-oba de cargos, verbas e quetais aqui e ali; como eles sempre gostaram de lembrar, foram manobras semelhantes as usadas, por exemplo, na emenda da reeleição, durante a administração de FHC. Obi-Wan has tought you well, young Skywalker.

28 setembro, 2005

Tantas possibilidades de trocadilhos com "DeLay" são até covardia...

Ah, pelo que parece, lá e cá as coisas estão pesando para aqueles com esqueleto no armário. O Líder da Maioria na Casa de Representantes do Congresso dos EUA (equivale a Câmara dos Deputados no Brasil), congressista Tom DeLay (R-TX), está tendo que abrir mão desta posição devido a ter sido indiciado por rolos em financiamento de campanha. Com mais dois cupinchas, irá agora enfrentar acusações em uma corte sobre as supostas irregularidades sendo investigadas.

Não há como realmente não fazer alguns paralelos com os recentes eventos em nossa própria casa legislativa, embora o cargo de DeLay não seja realmente equivalente ao de Severino, que no caso equivalia ao de Speaker of the House. Seja como for, ambos são dois exemplos do atraso mental que vez e outra encontra maneiras de se colocar em dadas posições de prestígio, e que se mostram dados a falcatruas. Como eu comentei algumas semanas atrás no fórum do J-BBS, por exemplo, vamos ver o que Tom DeLay recentemente declarou em uma entrevista para o Washington Times, quando perguntado sobre a quem ele acreditava ter sido os responsáveis por apontamentos de "juízes ativistas"...


Eu culpo o Congresso nos últimos 50 a 100 anos por não se manter firme e assumir sua responsabilidade lhe confiada pela Constituição. A razão pela qual o Judiciário conseguiu impor uma separação de igreja e estado que não se encontra em lugar algum da Constituição é que o Congresso não os impediu. A razão pela qual nós temos avaliações sobre o Judiciário é porque o Congresso não os impediu. A razão pela qual nós temos um direito à privacidade é porque o Congresso não os impediu.

Tais absurdos são obviamente uma afronta nojenta a tudo aquilo que de melhor o ideal americano já se plocamou a favor. Mas é o que se espera de DeLay, um conhecido ultra-conservador representante da direita religiosa, ou seja, um clássico fundie. Como Hendrik Hertzberg comentou para a The New Yorker, aí está a agenda de intenções de Tom DeLay: não haver separação de igreja e estado, não haver controle sobre o judiciário, não haver direito a privacidade. Isto é de uma imbecilidade tão grande e absurdo tão extenso que eu simplesmente sequer consigo pensar em uma colocação irônica que se equipare a tamanha pilha de esterco bovino. O cidadão é tão asqueiroso que não eram poucos até diversos Republicanos pedindo sua cabeça frente aos primeiros indícios das acusãções pelas quais agora DeLay teve que se afastar da posição de Líder da Maioria.

Se ele acabará tendo que renunciar ou perder o cargo, apenas as consequencias da investigação se aprofundando irão realmente estabelecer se é para o caso. Mas políticos são políticos -- tal qual aqui, DeLay dificilmente deverá ir para a prisão (a pena prevista para o tipo de acusão é dois anos mais multa), mas pelo menos, a insalubre "liderança" dele não deve mais afetar tanto as fundações legislativas americanas, o que sempre já é alguma coisa.

Todos os direitos reservados

Imaginem só que, na mesma época em que o protocolo de IRC era desenvolvido (1988), a Arpanet era desativada pelo Departamento de Defesa dos EUA (1990) e a Fapesp faz a primeira ligação brasileira à Internet (1991), este missivista e seus colegas já utilizavam declarações de Copyright e Trademarks em seus trabalhos escolares, muito antes de que a mesma coisa virasse carne-de-vaca na Internet:



Esta atenção a detalhes deveria indicar que gênios estavam trabalhando ali, mas como supostamente nenhuma Yahoo ou Amazon.com saiu disto, então bela melda.

26 setembro, 2005

Nota Rápida

Dica rápida do dia: um bom site para uma geral sobre o que está ocorrendo de relevante em política doméstica dos EUA é o The Note, mantido pela equipe de jornalismo político da ABC News. Tem "tom" e jeitão de blog, e é de sustânça garantida, e faz um apanhado geral de notícias que poderiam estar passando por debaixo do radar de grandes "outlets" de notícias. Vale a visita, e este missivista é presença regular no link.

25 setembro, 2005

Quebrando formação

Próximo ano, 2006, é o centenário do vôo de Santos Dumont com o 14 Bis, no Campo de Bagatelle, na França. Entre eventos oficiais, documentários, publicações e mais um sem-número de coisas que devem ocorrer, certamente haverá mais e mais debate sobre a velha polêmica do brasileiro versus os Irmãos Wright e outros pioneiros. É evidente que a polêmica sobre "quem inventou o avião" jamais irá ter fim enquanto se insistir em olhar para a questão por este ângulo. O mais correto é considerar que o avião não foi inventado, mas sim desenvolvido -- ou seja, é o resultado do trabalho de inúmeras pessoas ao longo do final do século 19 e início do 20, e querer creditar a "invenção" dele a apenas alguém é negligenciar o trabalho dos demais. Se qualquer um em particular dos diversos pioneiros, sejam eles quem for, jamais tivesse nascido, o surgimento do avião teria sido diferente, mas teria ocorrido de uma forma ou de outra.

Mas enfim. Neste debate-sem-fim, um dos argumentos que será mencionado aqui e ali é como supostamente os franceses estão do lado dos brasileiros em relação a considerarem Santos Dumont como o "inventor" do avião, e é o ponto em particular deste artigo. Esta alegação é algo muito comentado por brasileiros, mas jamais suportado por evidência clara. E quase que por acaso, dia destes, este missivista esbarra com interessante evidência que indica o contrário disto. Estava em um vôo São Paulo-Paris, pela Air France. Depois de ler um pouco e comer a refeição-de-bordo, começo a fuçar no sistema de entretenimento de bordo, aqueles monitores individuais que estão disponíveis para os passageiros em aeronaves Boeing 777-200. Entre o mapa da rota, alguns filmes, sitcoms, e afins, havia alguns jogos básicos. E entre estes, jogo de perguntas-e-respostas. E entre estas, uma sobre história da aviação.

Sendo tema que me interessa, começo a jogar. E noto que dentre as perguntas, muitas são sobre o surgimento da aviação. E o teor das perguntas estabelecidas no joguinho da Air France, bem como as respostas corretas a elas, me chamam a atenção. Tanto a ponto de eu sacar uma câmera digital, e reiniciar o sistema, para literalmente capturar as telas pertinentes à questão. Vamos a elas.




A Air France iniciou sua rota Paris-Nova Iorque em:

BOA RESPOSTA!!!!


Antes de começarmos, é importante esclarecer que uma característica deste sistema de jogo da Air France é que após escolher a resposta correta entre a lista de opções, o sistema só mantém na tela a resposta correta caso a pessoa tenha errado a resposta. O exemplo acima demonstra que no caso de acertar a questão, a resposta correta escolhida não é descrita na tela. Desta forma, para "forçar" o sistema a mostrar na tela qual é aquela que considera como a opção correta, eu propositalmente errei a resposta nas questões pertinentes.

Mutcho bene. Isto posto, vamos as perguntas me feitas pelo sisteminha da Air France.





A primeira máquina voadora a levantar vôo do chão foi pilotada por:

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

Clément Ader

A pergunta acima se refere sobre o vôo de 9 de outubro de 1890, realizado pelo francês pioneiro da aviação Clément Ader, que na ocasião decolou o seu protótipo de mais-pesado-que-o-ar, batizado de Éole, e realizou um vôo de 50 metros antes que o aparelho se acidentasse no chão.





Em 1890, a primeira máquina voadora levantou vôo. Qual era o seu nome?

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

Éole

Aqui, temos uma pergunta sobre o nome do protótipo de Ader.





O piloto da primeira máquina voadora a levantar vôo em 1890 era:

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

Francês


A pergunta acima estabelece a naturalidade de Clément Ader, francês.





Quando decolou pela primeira vez, qual foi a distância percorrida pela nova máquina voadora?

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

50 metros (185 pés)


Aqui, somos informados sobre a distância percorrida pelo Éole nesta ocasião.





Como foi que a primeira máquina voadora decolou?

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

Com um motor a vapor

Esta pergunta informa sobre o tipo de propulsão que o Éole possuía, um motor a vapor que podia desenvolver 20hp, criado por Ader.





Em 1903, o primeiro vôo bem sucedido levantou vôo em:

RESPOSTA ERRADA!!!!

A resposta correta é:

Carolina do Norte


E finalmente, temos uma pergunta a respeito do "primeiro vôo bem sucedido", cuja resposta correta aqui foi que ocorreu na Carolina do Norte, em 1903 – ou seja, claramente se refere ao vôo dos Irmãos Wright com o Flyer I em Kitty Hawk, NC.

De perguntas relacionadas de alguma maneira a "invenção" do avião, foram estas apenas. 6 em 50, ou seja, 12% do teste como um todo. Cinco delas comentaram a respeito de Ader, e uma a respeito dos Wright. Ou seja, Santos-Dumont ficou de fora não apenas de perguntas referentes a "invenção" do avião, mas do teste como um todo.

Os franceses estariam corretos em afirmarem que o Éole poderia ser considerado realmente como o primeiro avião? A rigor não, uma vez que o Éole carecia de sistemas de controle de vôo para lhe dar direção, e seu teste terminou em uma queda descontrolada do aparelho, o que foge dos critérios de se considerar um vôo de teste bem sucedido. Mas da mesma forma, o testezinho da Air France não tem esta pretensão: refere-se ao Éole o tempo todo como "máquina voadora", e não avião. E da mesma maneira, consideram claramente que o "primeiro vôo bem sucedido" ocorreu na Carolina do Norte, em 1903. O vôo de Dumont em 1906 não é mencionado em momento algum.

Dá para considerar como a "posição oficial da Air France" a respeito da questão? Talvez até não, mas diz muito a sobre a real percepção francesa sobre a questão. Consideram que o primeiro vôo bem sucedido de um avião foi realizado pelos Wright, e depois dele, lembram bastante do seu próprio pioneiro -- o que é perfeitamente natural. Santos-Dumont é tido em grande estima na França, não apenas por ter vivido e trabalhado neste país, mas também pela inegável importância e competência de seu trabalho, sem dúvida alguma, mas não dá para considerar de forma alguma que a posição francesa sobre Dumont seja a mesma dos brasileiros.

24 setembro, 2005

Funnies

Dentre as mais tradicionais suspeitas de sempre Peanuts, Dilbert, Foxtrot e outras tirinhas americanas regulares, duas que eu gosto bastante são a veterana Doonesbury e a The Boondocks. Ambas são politicamente engajadas, por assim dizer, no meio liberal (sentido americano do termo), e vez e outra dão suas exageradas, mas acho que faz parte da coisa da velha prática do cartum político, e pelo menos, os "universos" das tirinhas são mais ricos do que os de meras charges isoladas (embora estas também são sempre interessantes -- uma visita a este site para amostras americanas é recomendado). Mas no geral são ótimas e divertidas tirinhas, leio sempre, pela crítica e pelo humor.

Eu só realmene lamento que a tirinha do Doonesbury do dia em que nasci não é particularmente tão legal. Mas seja como for, talvez eu a mande enquadrar para ter em casa só pela curiosidade em si.

Doonesbury de 21 de fevereiro, 1973.

Arca da Aplicação

Certamente todos familiares ao filme Caçadores da Arca Perdida lembram da cena final logo antes dos créditos, com a Arca sendo lacrada e estocada em um enooooorme depósito do governo dos EUA? Pois acredito que poderia ser muito bem daquele depósito que teria saído a caixa que recentemente desenterrei em casa, de certa forma inspirado por toda a movimentação saudosista de grupos de alumins de escolas no Orkut.


Dentro desta caixa de embarque de resmas de sulfite da Xerox, estão guardado cadernos, trabalhos, livros e trecos diversos da época em que estudei 1o. e 2o. graus na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP.

Algumas bobagens interessantes surgiram aqui e ali. Entre elas, rabiscado no meio de um caderno antigo, o que provavelmente deve ter sido certamente uma das minhas primeiras rascunhadas de paródia de série de TV...

Há dez anos um grupo de alunos estuda na USP. Este grupo de alunos foi levado a uma aula de segurança máxima, por uma zoeira que não haviam cometido. Mas este grupo de alunos conseguiu cabular esta aula, passando a estudarem secretamente na USP. Ainda hoje são procurados pela Diretoria, e sobrevivem como aventureiros... alunos da fortuna. Se você tem algum trabalho, se ninguém mais puder ajudá-lo, e se conseguir encontrá-los... talvez consiga contratar o Grupo Nota A...

Acho que depois deste ponto, seria a hora de um corte para música-tema, seguido de cenas de grupos de garotos disparando Ruger Mini-14 cromadas no que Toyotas Bandeirantes da segurança da USP dão umas rampadas e capotam.

23 setembro, 2005

Sua ligação não pode ser completada

Para os devidos fins, é interessante informar a praça que, se você ligar para meu telefone celular e ninguém atender, as chances de eu estar dirigindo são consideráveis. Nestes casos, eu jamais atendo o telefone celular -- não interessa quem esteja do outro lado da linha. Circunstâncias permitindo, eu posso providenciar para estacionar o carro e então retornar a ligação. Mas falar enquanto dirijo é um comportamento com o qua dificilmente irei compactuar. Quem sabe, talvez um dia eu até faça um teste com um telefone hands-free com capacidade bluetooth, mas não segurem o fôlego antecipando isto.

Eleição na Câmara

Mais uma vez, temos a oportunidade de assistir esta atual Administração no Planalto, mais o PT, demonstrarem sua incapacidade de articular adequadamente qualquer coisa que seja. Mesmo escaldados pelo fiasco da eleição para Presidente da Câmara que resultou nesta posição sendo tomada pelo fuinha-sem-noção de Severino Cavalcante, o governo está novamente conseguindo acelerar na direção da parede, em um momento que precisa de uma vitória razoável no Congresso, para pelo menos conseguir dar uma camuflada no fato que a sua "base" está dissolvendo como gelatina fora da geladeira.

Mas, como se pode acompanhar de Brasília, as meteções-de-pés-pelas-mãos governistas continuam. Primeiro passam pelo constrangimento de colocarem Arlindo Chinaglia, o líder do governo na Câmara, como seu candidato, para no dia seguinte acabar tendo que abrir mão disto. E disto para então optarem (sem inteção de trocadilho) por ninguém menos que Aldo Rebelo. Fora o fato de pertencer a um partido tão irrelevante quanto insuportável, Rebelo também era o líder da Coordenação Política na ocasião da meteção-de-pé-pela-mão original que garantiu a Severino a eleição. O Planalto nunca soube realmente o que fazer afinal de contas com seu "coordenador político", e não surpreendentemente, tal coisa colaborou bem na sua derrota original.

E agora, está usando o pouco que lhe resta de músculo para colocar Aldo Rebelo no segundo turno, o que muito provavelmente vai acabar garantindo a José Nonô, nome preferido da oposição, a vitória; isto é claro se nenhum dos que estão correndo por fora se tornar uma segunda surpresa. Enfim, a atual Administração no Planalto requentam o mesmo prato que degustaram da última vez, só usando outros meios. Mas nem se no lugar de Lula estivesse Rufus T. Firefly, acho que teríamos uma situação destas.

Pérola do Dia

Quando se imagina que dá para passar algum tempo sem ler besteiras do naipe, de por exemplo, daqueas que há descritas abaixo vindas de O'Reilly e Coulter, sempre se pode contar com os panacas patrocinadores de teorias de conspiração idiotas para levantar a barra nas besteiras sendo ditas. A mais recente é pelos auspícios do Louis Farrakhan, o ativista líder da "Nação Islâmica" americana, congregação de negros americanos mulçumanos:

Eu fui informado por uma bastante confiável fonte que há uma cratera de 25 pés de profundidade abaixo da parte rompida do dique. Deve ter sido explodida para destruir a parte negra da cidade e manter a parte branca seca.

O nível de imbecilidade de tal afirmação é tão forte que é capaz de trincar concreto, azedar leite e fazer bebês chorarem. E isto, é claro, já encontrando ressonância nos rumores imbecis que teria sido o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA a eles mesmo explodirem o dique para este propósito. Claaaaaro, com certeza. O que mais me revolta não é apenas a suprema retardice de tais teorias conspiratórias. Não é apenas o enauseante cinismo em não se fazerem de rogados em quererem vilãnizar todo mundo envolvido nas operações na região do Golfo. Mas acima de tudo é o absurdo desrespeito para com os homens e mulheres do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, que são exatamente aqueles que por anos tem trabalhado em cima destes mesmos diques, com menos recursos do que deveriam, e que agora estão fazendo das tripas coração para recuperarem a todo custo o mais breve possível. Por estas e outras podemos ir vendo que tipo de reputação gente da laia de Farrakhan tem.

Peak-a-boo!

Severino se retirou da Presidência da Câmara na quarta-feira, como foi amplamente noticiado. Disse ele que uma "elitezinha" aparentemente conspirou para o derrubar. Independente de isto ser de fato ou não o caso, isto acabou sendo mais uma manifestação de uma tendência atual: afinal de contas, o que é de fato esta tão cantada em prosa e verso "elite" a qual todos lançam tantas acusações? Me parece que o uso tão indiscriminado desta palavra nos últimos tempos a está desprovindo de qualquer real significado.

A definição formal da palavra é distinguir um grupo em particular, dentro de um grupo maior, que se destaca como os "melhores" naquela área, campo de atuação, habilidade, etc. Portanto, de saída o uso desta palavra para querer definir aqueles das "classes mais abastadas", querendo tornar a palavra intercambiável com expressões como "burgesia" ou "capitalistas" já é algo equivocado. Por si mesma, é uma generalização imprecisa, pois meramente ter dinheiro ou poder per se não torna ninguém "melhor" do que os demais membros de uma sociedade. Até podemos admitir que torna mais relevante, mas isto não é a mesma coisa do que "ser melhor", a definição mais precisa daquilo que se poderia considerar uma verdadeira elite, no real sentido do termo.

Mas de uma maneira ou de outra, o termo sempre foi usado e abusado por qualquer um que quer transmitir a impressão de que está sendo ameaçado por "Forças Terríveis" as quais estão conspirando para sua derrota. É especialmente uma velha favorita da esquerda, em particular daqueles grupos com inúmeros perfeitos idiotas em seus quadros, coisa nunca em falta nestes círculos. Assim, ao se estabelecer que estas "elites" estão contra aquilo que lutam, ao mesmo tempo se pode ter um inimigo contra o qual se voiciferar com paixão, mas sem ser específico. Algo muito conveniente para aqueles que não tem as bolas de chegarem e deixarem claro contra quem é que se consideram adversários, ou então para aqueles que não tem o cérebro de sequer saberem definir quem é que são seus adversários, afinal de contas.

O resultado é aparentemente termos que considerar a existência de uma elite que segundo consta, está sempre ali, que nem o bicho-papão, o bogeyman, pronto para saltar detrás do armário e dizer "boo" quando vamos buscar um copo de água na cozinha, ou então estarem reunidos em torno de uma mesa de carvalho no porão de alguma sede secreta, com charutos e conhaque, maliciosamente planejando conspirações. Nada como poder contar com inimigos invisíveis de conveniência, e na verdade, não é realmente uma prática nova, se pensarmos bem.

22 setembro, 2005

Conservadorismo com Compaixão, indeed

Eu apenas gostaria que o Katrina tivesse atingido apenas o edifício das Nações Unidas, e nada mais, e inundado todos eles. E eu não iria providenciar o seu resgate.

Ahh, Bill O'Reilly, uma das velhas e boas cabeças falantes da Fox News, continua exercitando o seu costumeiro charme. Oh, sem dúvida, ele pode aplicar uma dúzia de maneiras diferentes para considerar "apenas metáfora", caso confrontado a esclarecer o seu costumeiro bullshit. Lembra um pouco a coisa da Ann Coulter, colunista ultraconservadora, que certa ocasião disse que a única coisa da qual lamentava em relação a Timothy McVeigh é que ele não tenha escolhido o edifício da redação do The New York Times como alvo.

Gente da Mais Fina Flor

Tal qual o cartunista Angeli já fez anteriormente, este blog também tem a sua pequena relação de "tipinhos inúteis" os quais de tempos em tempos deverão dar suas caras em inúmeros temas a serem discutidos nestas páginas. Estaremos falando a respeito de fundies (de tudo quanto é tipo de fanatismo religioso), perfeitos idiotas latino-americanos (tal qual definidos no livro de Alvaro Vargas Llosa, Plinio Mendonza e Carlos Montaner; e outras variações), sociopatas em geral e diversos outros... mas vamos começar por um em particular que vez e outra acabo encontrando, o trektardo.

O trektardo é variação nociva do trekker, e na verdade, é a melhor definição daquele tipo de "fã" que acaba catalizando a percepção pejorativa e nociva à comunidade de fãs em geral, seja da franquia de Jornada nas Estrelas, seja ao fandom em geral. Ou seja, o que deveria acontecer é se considerar como trekkers aqueles fãs que até são dedicados a série, mas que são pessoas sensatas e de senso crítico, e agradáveis de se conviver. Já o trektardo é aquele cidadão que, obcecado pelo seu fetiche para com a franquia de Jornada, age como um completo fuinha-sem-noção, seja no seu dia-a-dia, ou seja no seu convívio com o restante do fandom. Trektardos possuem uma falta de raciocínio objetivo que beira o absurdo, e passam a acreditar que qualquer coisa que seja produzida como parte de "Jornada nas Estrelas" tem porque tem que ser considerada como algo de "boa" qualidade, não interessam as razões.

Não importa se, por exemplo, o mais recente longa-metragem para o cinema, Jornada nas Estrelas: Nêmesis tenha no seu geral ficado tão ruim que deixa claro que seus "valores de produção" tenham sido moldados da merda raspada das pregas do cu de Satã. Para o trektardo, pelo simples fato de ser um filme de Jornada, está acima de qualquer crítica. Não importa se dado episódio de dada série foi um segmento ruim, por quaisquer razões de atuação, direção, escrita ou afins. Para o trektardo, nada disto realmente importa, não se pode considerar como ruim. O trektardo acredita que a produção da franquia teria que continuar a qualquer custo, não importando se isto estiver acontecendo da pior maneira possível. Preferem fazer de conta que a franquia não teria atingido o fundo do poço, a enfrentarem a possibilidade de a produção ser interrompida. Trektardos também consideram que é impossível para alguém gostar de uma parte da franquia, e não de outras. Para eles, a coisa tem que ser na base do tudo ou nada, do ame ou deixe.

E assim, o comportamento típico dos trektardos é manterem uma patrulha incessante sobre qualquer crítica a seu objeto de fetiche, não importa o quão bem fundamentadas sejam. Não importa se tenha sido resultado de análise precisa e cautelosa, e mesmo tendo sido feitas por demais fãs que claramente se importam com a franquia e genuinamente a apreciam de maneira séria e saudável. Não, o trektardo acredita que existem Vastas Conspirações Malignas dispostas a difamarem e destruirem a obra criada por Gene Roddenberry -- além é claro, de meio que considerarem que é como se tivesse sido o Tio Gene o único responsável pelo sucesso da série, solenemente ignorando ou subestimando a colaboração de um sem-número de outras pessoas; mas esta é mais uma falácia das inúmeras que gostam de pregar. Como resultado de tudo isto, o típico comportamento do trektardo no fandom acaba desandando para o trollismo, ou seja, aqueles indivíduos que gostam de tumultuar, sabotar, azucrinar ou distorcer quaisquer atividades do fandom, sejam fóruns, encontros, convenções, ações diversas, etc.

É curioso observar também que, embora alguns trektardos consideram Jornada como sendo impassível de qualquer crítica por supostamente ser algo como uma espécie de "Pilares da Cultura e da Civilização Ocidental", há aqueles que, ainda que apenas afirmem que "é apenas uma série de TV", acabam usando isto exatamente para acreditar que então isto também é razão de considerar qualquer coisa na franquia como a prova-de-bala à críticas. E uma variação muito particular do trektardo é também aqueles que tem um ódio passional e obsessivo por Jornada nas Estrelas. Sim, é perfeitamente possível ser um trektardo e odiar a série, como não: alguém que se dedica, que se importa tanto assim a nutrir apenas e tão somente ódio passional por todas as coisas relacionadas a franquia não pode ser classificado como nada mais além do que um mero trektardo.

21 setembro, 2005

What the Hell Depto.

Curiosidade besta que notei estes dias quando passava pela locadora. Se foi intencional ou não já é discutível (ou mera falta de criatividade geral), mas a semelhança é irônica, para se dizer o mínimo.

Deixar de lado os entretantos e partir para os finalmentes

Que o furação Rita vem aí já está bastante claro. E que desta vez o nível de preparo para se tomar as providências necessárias deve ser melhor, também é coisa completamente necessária. E é por isto que me espanta que, em um momento destes, quando determinadas prioridades jornalísticas precisam ser definidas, o foco ainda insiste em ficar tendendo sobre como as coisas deram errado, ao invés de passar para pontos sobre como devem ser para que dêem certo frente a nova situação. Em uma coletiva para a imprensa ontem, teve que ser Honore aquele a acalmar a bola para focarem no que interessa -- e para lidar ou com a ânsia por sensacionalismo, ou puro pânico mesmo, só mesmo a atitude no-nonsense do General para colocar foco no que interessa. Abaixo, a tradução de uma transcrição de parte da coletiva de ontem, com alguns destaques meus:

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Honore: E Sr. Prefeito, vamos voltar nisto, pois eu posso ver agora mesmo, que parece que nós estamos lidando com isto como ele disse, ele disse, nós dissemos. Tudo bem? Nós não iremos, por ordem do prefeito e da governadora, abrir o Centro de Convenções para pessoas entrarem nele. Há ônibus lá. Isto está claro para você? Ônibus estacionados. Há 4 mil tropas lá. Pessoas chegam, elas entram em um ônibus, entram em um caminhão, e saem de lá. Isto está claro? Isto está claro ao público?

Jornalista mulher: Para onde eles vão...

Honone: Isto não é da sua conta.

Jornalista homem: Mas General, isto não funcionou da primeira vez...

Honore: Agora espere um minuto aí. Não funcionou da primeira vez. Mas isto não é a primeira vez. Certo? Se... não contorlarmos a situação com Rita, você entende? Então há diversos detalhes sobre isto que tem que ser trabalhado. Você tem bons servidores públicos trabalhando nisto. Vamos ter um pouco de confiança aqui, porque vocês estão começando a agir como se este fosse o problema de vocês para vocês mesmo resolverem. Vocês estão comunicando as mensagens, tudo bem? O que nós vamos fazer é termos os ônibus preparados. O local inicial é no Centro de Convenções. Nós não vamos anunciar outros locais por enquanto, até termos um plano em prática, e então vamos providenciar para que o público saiba quais são estes locais, através do governo, e através de anúncios públicos. Neste momento, para lidar com o número de pessoas que querem sair, nós temos a capacidade para isto. Vocês virão ao Centro de Convenções. Há soldados lá da 82o. Aerotransportada, e da Guarda Nacional da Lousiana. Pessoas irão ser instruídas a entrarem nos ônibus, e nõs iremos cuidar delas. E para onde elas irão irá depender da capacidade neste estado. Nós estamos com nossas comunicações preparadas. E nós iremos dizer para eles para onde se dirigirem. E quando chegarem lá, eles então terão a chance, a oportunidade de se registrarem, para que assim suas famílias saibam onde elas estão. Mas não iniciem um pânico aqui. Tudo bem? Nós temos um local. É bem na frente do Centro de Convenções, e é ali que nós vamos usar para retirar as pessoas do local, e daí para o nosso sistema.

Jornalista Homem: General Honore, nós fomos informados que o Estádio Berman no lado oeste será outra área de agrupamento...

Honore: Não que eu tenha sido informado. Novamente, o local atual, como eu já disse, é o Centro de Convenções. Assim que nós tivermos preparado completamente o plano com o prefeito, e for aprovado pela governadora, então nós iniciamos sua implantação nas 12 a 24 horas seguintes. E eu sei que há um problema em estabelecer boa comunicação. E é aqui que precisamos da ajuda de vocês. Mas não vamos confundir as perguntas com as respostas. Ônibus no Centro de Convenções irão remover nossos cidadãos, pelos quais nós juramos suportar e defender... e nós iremos os mover. Não vamos ficar empacados sobre a última tempestade. Vocês estão fazendo perguntas sobre a tempestade passada para pessoas que estão preocupadas com a tempestade futura. Não fiquem travados em estupidez, pessoal. Nós estamos indo em frente. E não confundam o público, por favor. Vocês são parte da comunicação ao público. É por isto que gostamos de perguntas que sigam o tema. Mas neste momento, é o Centro de Covenções, e vamos em frente.

Jornalista Homem: General, um pouco mais a respeito sobre o porque disto estar ocorrendo agora, e não ter ocorrido da última vez...

Honore: Você está empacado em uma estupidez. Eu não vou responder esta pergunta. Nós vamos tratar sobre Rita. Isto é informação pública pela qual o povo depende que o governo forneça. Isto é o que nós precisamos fazer. Então, por favor. Eu peço desculpas a vocês, mas vamos falar sobre o futuro. Rita está acontecendo agora. E neste momento, nós precisamos passar boa e clara informação ao público lá fora, informação que lhes possa ser útil. E então poderemos ter uma conversa sobre o que houve no passado, dentro de um par de meses.

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Precisa-se discutir e debater a respeito da cadeia de eventos que catalizou os problemas de como a preparação e assistência a crise do Katrina ocorreu? Sem dúvida. Mas em dado momento em que se precisa manter o foco no preparo exatamente para outro furacão, não é exatamente a hora para firulas -- há trabalho a ser feito e há informação pertinente a se passar. Em dado momento, se pode sentar e debater pormenores, mas não quando você se precisa manter o foco em pontos práticos, para botar as coisas para andar.

20 setembro, 2005

O que ando lendo

No momento, três obras se revezam entre meu criado-mudo e mochilas. A primeira delas é Rumo ao Infinito, escrito por Salvador Nogueira, jornalista de ciências da Folha de S. Paulo e bom amigo deste missivista. A narrativa é bem agradável, e o livro aborda boas questões sobre astronomia, exploração espacial humana, suas justificativas e retorno prático, e o que podemos esperar de novidades na área. Tem um pouco para todos, desde o leigo na área, até o entusiasta informado -- repassa de maneira adequada os diversos programas espaciais humanos, dedica capítulos a aspectos não tão divulgados quando deveriam, como a questão de Objetos Próximos à Terra e iniciativas privadas de exploração espacial, e diversas outras questões. O prefácio escrito pelo astronauta brasileiro, o Tenente Coronel da Força Aérea Brasileira Marcos Pontes, vale o destaque; um endosso da qualidade da obra, sem dúvida. Sou suspeito para recomendar a compra? Friamente falando talvez fosse, mas se fosse você, não me intimidaria nem um pouco por esta possibilidade infundada, porque se assim o fizer, vai acabar deixando de ler um excelente livro na área.

Outros dos livros é o clássico A Origem das Espécies, de Charles Darwin, que dispensa apresentações -- a obra que definiu o moderno estudo da origem da vida na Terra, e a sua evolução. É uma leitura que eu tinha intenção de fazer já a um bom tempo, pois se eu acredito que quero estar minimamente apto a debater na velha questão Teoria da Evolução versus outras... especulações fantasiosas, se familiarizar com a obra original de Darwin é passo básico para este preparo. Mesmo considerando os aspectos que tenham sido melhor reexaminados ao longo do último século e meio desde que foi escrito, é da maior relevância e importância.

Não avancei demais nele ainda, pois não é leitura frívola, pede atenção e cuidado. Afinal de contas não estamos falando de um romance de rapidamente virar página, mas sim um trabalho acadêmico sério. Mas mesmo enquanto leitura per se, é mais divetido do que alguém poderia imaginar. O tom meio que "vitoriano" do estilo de escrita de Darwin dá um certo charme especial que, embora é compreensível que faça parte do texto, confesso que não tinha antecipado.

A terceira, por fim, é um pocket book em Inglês baseado na franquia de Jornada nas Estrelas, mas vou me abster de detalhes a respeito por ora... para este fim, uma resenha sobre o livro estará na ordem do dia para publicação no Trek Brasilis, como já de costume.

19 setembro, 2005

Lua Minguante para Cheia?

Embora o Katrina tenha claramente dado uma razoável torcida na agenda doméstica do Dubya, podendo ter efeitos no plano de reforma da previdência social dele (que já estava fazendo água bem antes) e a revogação de inúmeros impostos federais, somado ao problema do deficit, uma coisa parece clara: embora a estimativa da "La Dolorosa" para a necessária reconstrução das áreas afetadas do Golfo beire os 200 bilhões de dólares, isto não deve afetar absurdamente uma velha vítima de cortes orcamentários, a NASA. A possibilidade andou novamente dando as caras por estes dias, com a agência anunciando com um pouco mais de detalhes os rascunhos iniciais dos planos de retorno à Lua até 2018.

Se mais uma vez vai se tratar de "vaporware", isto ainda estamos para ver, tudo bem. Mas neste momento da coisa, existe um fator que anteriormente não houve nos últimos 20, 25 anos, digamos: se for para realmente manter o programa tripulado em operação, então a NASA claramente precisa de uma nova classe de nave para o programa tripulado. Precisa para agora. Não dá mais para adiar, considerando os problemas inerentes ao Programa STS, dos atuais shuttles. Desta forma, que alguma coisa tem que o substituir já é largamente acadêmico, e o programa do CEV está caminhando nesta direção. Portanto, um programa mais amplo que inclua o CEV, mais o aproveitamento de conceitos do programa do shuttle, mais novos desenvolvimentos, podem também viabilizar um novo programa lunar americano, e desta vez em termos práticos, sem ficar nas promessas que sempre ilustraram muitos relatórios da agência, mas que sempre eram ceifados por política e afins.

Com ou sem os gastos extras devido ao Katrina, não tem jeito -- se desejam manter o programa tripulado, a NASA vai ter que ter sua Apollo Mark II, e portanto, desenvolver o CEV já tendo vôos lunares (e mesmo marcianos) em mente é algo que certamente pode ser feito. Vamos aguardar.

18 setembro, 2005

Desafio X

O Departamento de Energia dos EUA e a General Motors lideram uma parceria entre diversas empresas e instituições para manterem o chamado "Desafio X", uma competição entre faculdades de engenharia dos EUA e Canadá para equipes de cada uma delas desenvolverem projetos de reengenharia da GM Equinox, um Veículo Utilitário Esportivo da marca. A intenção é fazer com que esta SUV receba aprimoramentos e melhorias que a tornem mais eficiente em consumo de combustível, emissão de poluentes, e diversos outros aspectos, criando assim novas tecnologias aplicáveis na indústria automotiva em geral.

A fase de 2005 foi ganha pela equipe da Universidade de Waterloo, do Canadá, com um novo projeto de célula de combustível utilizando hidrogênio. O segundo e terceiros lugares ficaram para a Universidade de Akron e a Universidade do Estado de Ohio, respectivamente, que apresentaram projetos baseados em biodiesel. Eu sou um grande entusiasta do desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias baseada em células de combustível com hidrogênio, e a Universidade de Waterloo está ajudando a demonstrar a viabilidade do conceito. E o biodiesel também aponta como tendo grande potencial, tendo garantido a Akron e Ohio State boas posições também.

Uma iniciativa que merece elogios, pois competições tecnológicas saudáveis como esta sempre são garantias de "levantarem a barra" no que diz respeito ao desenvolvimento de novas tecnologias de modo a se começar a ter uso prático delas no dia-a-dia, ao invés de ficarem apenas em promessas. O Prêmio X também é outro bom exemplo do potencial destas iniciativas.

Ha-Há!

Como eu já comentei antes no fórum do J-BBS, é basicamente isto que estou fazendo ao me deparar com petista devoto que encontro pela frente, atualmente.

Pois é, não é polido de se fazer, e não estão faltando pretorianos do partido para ficarem reclamando de como "estão tratando o PT", mas não adianta, não adianta. Eu me atrevo, sim, a comentar o que não se quer realmente comentar, mas que muita gente tem vontade: não tem como não tirar um mínimo de satisfação desta situação de finalmente se perceber que o Rei Está Nu.

Por 25 anos -- e até mais antes disto, na verdade -- o PT e as esquerdas nacionais cuidadosamente, cautelosamente, meticulosamente fizeram questão absoluta de construírem para si uma reputação a qual eles sempre colocaram que seria tão, mas tão, mas tão infalível, tão absolutamente sólida no que diz respeito a terem ética e responsabilidade, que sequer imaginar algo nas linhas do que está acontecendo seria coisa para eu acrescentar na minha típica lista de "Hell Freeze Over", de coisas que seriam até mais fáceis de ocorrer do que dado evento: mais fácil do que isto tudo acontecer com o PT, parecia que seria o Brannon Braga ganhar um Pulitzer, o Dubya entrar para a MENSA, acharem um preservativo na bolsa da Rosie O'donnel ou o Bin Laden virar Grão-Duque da KKK.

E claro, os militantes do partido sempre sentaram em cima disto e extraíram o máximo de satisfação possível que se poderia, apontando o dedo para todo mundo e sendo os primeiros a branirem as tochas e ancinhos no ar ao menor sinal de qualquer coisa nas linhas do que agora está acontecendo com o seu próprio partido. Portanto, no frigir dos ovos, não posso deixar de achar muita, muita graça em poder assistir ao fim deste ar de superioridade moral infalível o qual os militantes sempre usaram para manter seus sorrisinhos arrogantes na cara -- e que alguns pretorianos ainda insistem em querer manter, ao enfiarem os dedos no ouvido e ficarem berrando LÁ, LÁ, LÁ, EU NÃO ESTOU OUVINDO.

Sim, sim. É absolutamente lamentável que neste processo, as nossas instituições estejam sendo arrastadas no chão como estão, que a República passe mais uma vez por este papelão, que o país passe mais uma vez por este processo constrangedor e conturbador, e que tanto mal direto tenha ocorrido, com o estado brasileiro tendo que suportar as consequencias desta balbúrdia que a atual administração no Planalto permitiu que ocorresse. De muitas maneiras, também até lamento que a própria instituição política do Partido dos Trabalhadores, algo que também deveria ter alguma solidez, entrou nesta espiral ridícula que o transformou no covil do qual agora estão saindo inúmeros personagens desta crise.

Do constrangedor, para o lamentável, e agora para o patético. É realmente uma pena, mas é como quiseram, é o resultado daquilo que aparentemente consideravam como "projeto para o país" ou qualquer outro slogan socialista que queiram carimbar na coisa. Agora, todo este limo asqueiroso de hipocresia e arrogância derreteu, e tudo que resta ao PT é ficar dentro do balde de lama que preparou para si mesmo, se debatendo agoniante como o T-1000 na siderlúgica, ao final de O Exterminador do Futuro 2. Aliás, é o que está acontecendo hoje mesmo, com a eleição no partido -- no meu modo de ver, enfrentam um "no-win scenario" com qualquer que seja o resultado.

17 setembro, 2005

Breaking News

Apenas o Snopes para conseguir realmente até mesmo intensificar o humor da imagem abaixo ao confirmar que se trata de uma imagem real:



He, he, uma martelada na cabeça do prego, sem dúvida.

EUA, fora dos... EUA?

Disse Cindy Sheehan recentemente em seu blog, do qual faço um destaque:

George Bush precisa para de falar, admitir os erros de sua fracassada Administração, retirar nossas tropas da ocupada Nova Orleans e Iraque, e se retirar do poder.

Ela é a mãe de um soldado morto no Iraque que ficou de campana na frente do rancho do Dubya pelo mês passado, exigindo que ele a explicasse pessoalmente quais teriam sido as "boas razões" pelas quais seu filho teria oferecido a vida para defender.Isto meio que colocou o Dubya em uma saia-justa e então muito bem, ressaltou um bom ponto.

Agora, quando se começa a falar besteiras deste naipe -- e ela tem sido lembrada como muito criativa para tal -- a coisa já está claramente desandando para o puro ativismo político que se distancia do que teria sido mero sentimento pelo filho, para estar interessada agora em atender mais uma agenda de intenções do que qualquer outra coisa. Talvez ela estivesse incomodada que seus 15 minutos de fama tenham sido interrompidos pelo Katrina, ou então quer continuar na sua linha de Michael-Moore-Wannabe, não sei.

Ela claramente superestima e também subsestima inúmeros fatores envolvidos na catástrofe do Katrina, para poder armar seu falso dilema de modo a encaixar uma exigência pela "retidada americana da Nova Orleans 'ocupada'".

[sarcasmo] Claro, os EUA devem retirar qualquer presença militar das regiões afetadas pelo Katrina, pois não servem para nada e somente são uma presença incômoda para os habitantes de lá. [/sarcasmo]

Mas era só o que faltava, mesmo. Pfzz.

16 setembro, 2005

Mala Diplomática

Para evitar inevitáveis constrangimentos para certos estados nacionais, alguns nomes e locais nesta verídica história a seguir foram modificados.

Certa ocasião, um rapaz chamado Leander Magellan, cidadão da Freedônia, estava precisando "autenticar", por assim dizer, alguns documentos e certidões suas, emitidos nos EUA, como sendo de fato originários de lá. Para tanto, precisava usar portanto o serviço de "legalização de documento", junto ao Consulado da Freedônia localizado em Patópolis, no estado americano de Calisota. Assim, os documentos passam a poder ter efeito também na Freedônia. Até aí, muito bem.

Passado todos os trâmites de se descobrir como é que seria realizado o procedimento, o pagamento das taxas consulares e todos os afins, Leander envia para o consulado freedoniano em Patopólis, CS, os documentos -- via ACME Express, uma vez que precisa deles rapidamente, e são vias únicas que não podem extraviar, e a ferramenta de tracking é útil para se acompanhar.

Algum tempo depois, voltam os documentos (dois), cheios de carimbos, selos e assinaturas... mas um deles não estava assinado. O requerente olha novamente. Um deles estava, mas o outro não. Carimbado, selado e tal... mas sem ter sido assinado. Não lhe parecendo ser possível que tal coisa tenha ocorrido, Leander envia novamente mais um e-mail para o consulado da Freedônia, perguntando (mais para benefício da dúvida) se aquilo realmente era o caso: apenas um deles precisava ser assinado? O outro não, embora tivesse o espaço marcado para tanto?

A resposta foi, claro, que realmente se tratou de um lapso, pelo qual lamentam. E daí, vai novamente o documento do rapaz fazer nova viagem de ida-e-volta pelo caro serviço da ACME Express, para receber a esquecida assinatura. O Estado Freedoniano em momento algum, apesar de seus lamentos, se mostrou propenso a cobrir as despesas extras devido a este seu lapso. Mas c'est la vie, pelo jeito.

E dizem poraí que a Freedônia, mesmo com o corpo diplomático no afinco que demonstrou estar, está com a pretensão de entrar no Conselho de Segurança da ONU.

Claro, claro. Só espero que não esqueçam de assinar a papelada dos vetos que tanto planejam aprontar por lá.

15 setembro, 2005

Este parece ser um trabalho para...

Dia destes, ligo para o serviço telefônico do Banco do Brasil, para tirar um extrato através de fax. Enquanto discava as instruções para chegar ao ponto de apertar o START para dar o sinal, uma das instruções me chamou a atenção.

Lembramos que para consultas de extratos e saldos por fax, a ligação deve ser feita de um aparelho de fax, disse a gravação em voz feminina.

Err...

... será mesmo que tem tanto sem-noção assim para criar a necessidade de se adicionar esta afirmação na gravação do sistema?

Liberando a Torre

Nunca gostei realmente de blogs. Uma das primeiras vezes que li a respeito de weblogs e sua crescente popularidade na Internet foi por volta de 2000, no artigo da Rebecca Mead para a The New Yorker, na edição de 13 de novembro daquele ano. Embora me pareceu interessante, não fiquei particularmente impressionado, pois me pareceu basicamente a mesma coisa da “velha página pessoal” com uma mera roupagem para adquirirem pose de "lesgauzinha" somado a um "sistema de postagem para tolos". Mas desde então, a coisa se espalhou pela Internet e, de coisa underground, virou lugar comum, para disto acabar como elemento familiar da Internet. Mais uma daquelas coisas que vem e vão.

Mas seja como for, acabei concluindo que o formato até que vem a calhar para poder publicar alguns resmungos diversos e artigos de minha autoria, sem precisar me preocupar demais com nove-horas ou firulas quaisquer. O nome é inspirado na antiga revista de política e variedades O Malho, fundada no início do século 20 por Luís Bartolomeu. O website Memória Viva mantém um acervo online com reproduções da publicação original, entre outros, e vale se marcar nos favoritos, sem dúvida. Uma coisa é certa – a imprensa na época tinha inspiração divertida para batizar publicações... isto é que é um nome de respeito para um periódico, para se dizer o mínimo.