16 setembro, 2005

Mala Diplomática

Para evitar inevitáveis constrangimentos para certos estados nacionais, alguns nomes e locais nesta verídica história a seguir foram modificados.

Certa ocasião, um rapaz chamado Leander Magellan, cidadão da Freedônia, estava precisando "autenticar", por assim dizer, alguns documentos e certidões suas, emitidos nos EUA, como sendo de fato originários de lá. Para tanto, precisava usar portanto o serviço de "legalização de documento", junto ao Consulado da Freedônia localizado em Patópolis, no estado americano de Calisota. Assim, os documentos passam a poder ter efeito também na Freedônia. Até aí, muito bem.

Passado todos os trâmites de se descobrir como é que seria realizado o procedimento, o pagamento das taxas consulares e todos os afins, Leander envia para o consulado freedoniano em Patopólis, CS, os documentos -- via ACME Express, uma vez que precisa deles rapidamente, e são vias únicas que não podem extraviar, e a ferramenta de tracking é útil para se acompanhar.

Algum tempo depois, voltam os documentos (dois), cheios de carimbos, selos e assinaturas... mas um deles não estava assinado. O requerente olha novamente. Um deles estava, mas o outro não. Carimbado, selado e tal... mas sem ter sido assinado. Não lhe parecendo ser possível que tal coisa tenha ocorrido, Leander envia novamente mais um e-mail para o consulado da Freedônia, perguntando (mais para benefício da dúvida) se aquilo realmente era o caso: apenas um deles precisava ser assinado? O outro não, embora tivesse o espaço marcado para tanto?

A resposta foi, claro, que realmente se tratou de um lapso, pelo qual lamentam. E daí, vai novamente o documento do rapaz fazer nova viagem de ida-e-volta pelo caro serviço da ACME Express, para receber a esquecida assinatura. O Estado Freedoniano em momento algum, apesar de seus lamentos, se mostrou propenso a cobrir as despesas extras devido a este seu lapso. Mas c'est la vie, pelo jeito.

E dizem poraí que a Freedônia, mesmo com o corpo diplomático no afinco que demonstrou estar, está com a pretensão de entrar no Conselho de Segurança da ONU.

Claro, claro. Só espero que não esqueçam de assinar a papelada dos vetos que tanto planejam aprontar por lá.