21 setembro, 2005

Deixar de lado os entretantos e partir para os finalmentes

Que o furação Rita vem aí já está bastante claro. E que desta vez o nível de preparo para se tomar as providências necessárias deve ser melhor, também é coisa completamente necessária. E é por isto que me espanta que, em um momento destes, quando determinadas prioridades jornalísticas precisam ser definidas, o foco ainda insiste em ficar tendendo sobre como as coisas deram errado, ao invés de passar para pontos sobre como devem ser para que dêem certo frente a nova situação. Em uma coletiva para a imprensa ontem, teve que ser Honore aquele a acalmar a bola para focarem no que interessa -- e para lidar ou com a ânsia por sensacionalismo, ou puro pânico mesmo, só mesmo a atitude no-nonsense do General para colocar foco no que interessa. Abaixo, a tradução de uma transcrição de parte da coletiva de ontem, com alguns destaques meus:

---

Honore: E Sr. Prefeito, vamos voltar nisto, pois eu posso ver agora mesmo, que parece que nós estamos lidando com isto como ele disse, ele disse, nós dissemos. Tudo bem? Nós não iremos, por ordem do prefeito e da governadora, abrir o Centro de Convenções para pessoas entrarem nele. Há ônibus lá. Isto está claro para você? Ônibus estacionados. Há 4 mil tropas lá. Pessoas chegam, elas entram em um ônibus, entram em um caminhão, e saem de lá. Isto está claro? Isto está claro ao público?

Jornalista mulher: Para onde eles vão...

Honone: Isto não é da sua conta.

Jornalista homem: Mas General, isto não funcionou da primeira vez...

Honore: Agora espere um minuto aí. Não funcionou da primeira vez. Mas isto não é a primeira vez. Certo? Se... não contorlarmos a situação com Rita, você entende? Então há diversos detalhes sobre isto que tem que ser trabalhado. Você tem bons servidores públicos trabalhando nisto. Vamos ter um pouco de confiança aqui, porque vocês estão começando a agir como se este fosse o problema de vocês para vocês mesmo resolverem. Vocês estão comunicando as mensagens, tudo bem? O que nós vamos fazer é termos os ônibus preparados. O local inicial é no Centro de Convenções. Nós não vamos anunciar outros locais por enquanto, até termos um plano em prática, e então vamos providenciar para que o público saiba quais são estes locais, através do governo, e através de anúncios públicos. Neste momento, para lidar com o número de pessoas que querem sair, nós temos a capacidade para isto. Vocês virão ao Centro de Convenções. Há soldados lá da 82o. Aerotransportada, e da Guarda Nacional da Lousiana. Pessoas irão ser instruídas a entrarem nos ônibus, e nõs iremos cuidar delas. E para onde elas irão irá depender da capacidade neste estado. Nós estamos com nossas comunicações preparadas. E nós iremos dizer para eles para onde se dirigirem. E quando chegarem lá, eles então terão a chance, a oportunidade de se registrarem, para que assim suas famílias saibam onde elas estão. Mas não iniciem um pânico aqui. Tudo bem? Nós temos um local. É bem na frente do Centro de Convenções, e é ali que nós vamos usar para retirar as pessoas do local, e daí para o nosso sistema.

Jornalista Homem: General Honore, nós fomos informados que o Estádio Berman no lado oeste será outra área de agrupamento...

Honore: Não que eu tenha sido informado. Novamente, o local atual, como eu já disse, é o Centro de Convenções. Assim que nós tivermos preparado completamente o plano com o prefeito, e for aprovado pela governadora, então nós iniciamos sua implantação nas 12 a 24 horas seguintes. E eu sei que há um problema em estabelecer boa comunicação. E é aqui que precisamos da ajuda de vocês. Mas não vamos confundir as perguntas com as respostas. Ônibus no Centro de Convenções irão remover nossos cidadãos, pelos quais nós juramos suportar e defender... e nós iremos os mover. Não vamos ficar empacados sobre a última tempestade. Vocês estão fazendo perguntas sobre a tempestade passada para pessoas que estão preocupadas com a tempestade futura. Não fiquem travados em estupidez, pessoal. Nós estamos indo em frente. E não confundam o público, por favor. Vocês são parte da comunicação ao público. É por isto que gostamos de perguntas que sigam o tema. Mas neste momento, é o Centro de Covenções, e vamos em frente.

Jornalista Homem: General, um pouco mais a respeito sobre o porque disto estar ocorrendo agora, e não ter ocorrido da última vez...

Honore: Você está empacado em uma estupidez. Eu não vou responder esta pergunta. Nós vamos tratar sobre Rita. Isto é informação pública pela qual o povo depende que o governo forneça. Isto é o que nós precisamos fazer. Então, por favor. Eu peço desculpas a vocês, mas vamos falar sobre o futuro. Rita está acontecendo agora. E neste momento, nós precisamos passar boa e clara informação ao público lá fora, informação que lhes possa ser útil. E então poderemos ter uma conversa sobre o que houve no passado, dentro de um par de meses.

---


Precisa-se discutir e debater a respeito da cadeia de eventos que catalizou os problemas de como a preparação e assistência a crise do Katrina ocorreu? Sem dúvida. Mas em dado momento em que se precisa manter o foco no preparo exatamente para outro furacão, não é exatamente a hora para firulas -- há trabalho a ser feito e há informação pertinente a se passar. Em dado momento, se pode sentar e debater pormenores, mas não quando você se precisa manter o foco em pontos práticos, para botar as coisas para andar.