28 setembro, 2005

Tantas possibilidades de trocadilhos com "DeLay" são até covardia...

Ah, pelo que parece, lá e cá as coisas estão pesando para aqueles com esqueleto no armário. O Líder da Maioria na Casa de Representantes do Congresso dos EUA (equivale a Câmara dos Deputados no Brasil), congressista Tom DeLay (R-TX), está tendo que abrir mão desta posição devido a ter sido indiciado por rolos em financiamento de campanha. Com mais dois cupinchas, irá agora enfrentar acusações em uma corte sobre as supostas irregularidades sendo investigadas.

Não há como realmente não fazer alguns paralelos com os recentes eventos em nossa própria casa legislativa, embora o cargo de DeLay não seja realmente equivalente ao de Severino, que no caso equivalia ao de Speaker of the House. Seja como for, ambos são dois exemplos do atraso mental que vez e outra encontra maneiras de se colocar em dadas posições de prestígio, e que se mostram dados a falcatruas. Como eu comentei algumas semanas atrás no fórum do J-BBS, por exemplo, vamos ver o que Tom DeLay recentemente declarou em uma entrevista para o Washington Times, quando perguntado sobre a quem ele acreditava ter sido os responsáveis por apontamentos de "juízes ativistas"...


Eu culpo o Congresso nos últimos 50 a 100 anos por não se manter firme e assumir sua responsabilidade lhe confiada pela Constituição. A razão pela qual o Judiciário conseguiu impor uma separação de igreja e estado que não se encontra em lugar algum da Constituição é que o Congresso não os impediu. A razão pela qual nós temos avaliações sobre o Judiciário é porque o Congresso não os impediu. A razão pela qual nós temos um direito à privacidade é porque o Congresso não os impediu.

Tais absurdos são obviamente uma afronta nojenta a tudo aquilo que de melhor o ideal americano já se plocamou a favor. Mas é o que se espera de DeLay, um conhecido ultra-conservador representante da direita religiosa, ou seja, um clássico fundie. Como Hendrik Hertzberg comentou para a The New Yorker, aí está a agenda de intenções de Tom DeLay: não haver separação de igreja e estado, não haver controle sobre o judiciário, não haver direito a privacidade. Isto é de uma imbecilidade tão grande e absurdo tão extenso que eu simplesmente sequer consigo pensar em uma colocação irônica que se equipare a tamanha pilha de esterco bovino. O cidadão é tão asqueiroso que não eram poucos até diversos Republicanos pedindo sua cabeça frente aos primeiros indícios das acusãções pelas quais agora DeLay teve que se afastar da posição de Líder da Maioria.

Se ele acabará tendo que renunciar ou perder o cargo, apenas as consequencias da investigação se aprofundando irão realmente estabelecer se é para o caso. Mas políticos são políticos -- tal qual aqui, DeLay dificilmente deverá ir para a prisão (a pena prevista para o tipo de acusão é dois anos mais multa), mas pelo menos, a insalubre "liderança" dele não deve mais afetar tanto as fundações legislativas americanas, o que sempre já é alguma coisa.